30 set, 2018 - 20:20
Dois militares dos Comandos estão internados há dois dias depois de terem realizado a chamada "prova zero". A notícia foi confirmada à Renascença pela porta-voz do Exército.
A major Elisabete Silva adianta que inicialmente foram cinco os casos, mas apenas dois estão ainda internados.
Os cinco recrutas – os dois que ainda estão hospitalizados e os três que já tiveram alta – vão continuar no curso de Comandos, acrescentou a porta-voz do Exército.
Ao realizarem análises diárias, esses "cinco militares tinham valores elevados de uma enzima que poderá provocar rabdomiólise e, por precaução, foram internados".
"Estes valores estão associados à prática de exercício físico intenso, mas em relação a hidratação têm água sempre com eles e não há limitação do consumo de água", esclarece ainda.
O local do dito exercício foi alterado, passando para a Figueira da Foz, para estar mais perto do mar e a temperatura ser mais baixa.
Ainda segundo a major Elisabete Silva, o curso de Comandos conta atualmente com 37 recrutas, havendo a registar 22 desistências: sete na fase de estágio e 15 já no decorrer do curso.
O agora designado "exercíco psicofísico" do curso dos Comandos realizou-se na Figueira da Foz, tendo a informação sobre os recrutas hospitalizados sido avançada pelo jornal “Público” no seu site.
A forma como o curso de Comandos decorre em Portugal tem sido alvo de uma atenção particular desde que, em 2016, dois recrutas acabaram por morrer no decorrer de um exercício: Dylan da Silva e Hugo Abreu, à data dos factos ambos com 20 anos.
Outros instruendos sofreram lesões graves e tiveram de ser internados durante a denominada 'prova zero' (primeira prova do curso de Comandos) do 127.º curso de Comandos, que decorreu na região de Alcochete, distrito de Setúbal, em 4 de setembro de 2016.
Em junho de 2017, o MP deduziu acusação contra 19 militares, considerando que os mesmos atuaram com "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram" nos ofendidos, encontrando-se o processo atualmente em fase de julgamento.
Os arguidos são ainda acusados de cometer várias agressões contra os recrutas, nomeadamente o facto de obrigarem os formandos a "rastejarem nas silvas" ou de privarem/racionarem a água aos instruendos, apesar das condições extremas de temperaturas elevadas.
Os oito oficiais, oito sargentos e três praças, todos militares do Exército do Regimento de Comandos, a maioria instrutores, estão acusados de abuso de autoridade por ofensa à integridade física.