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"Há crianças vítimas de bullying na escola porque pais têm casa nova"

15 out, 2018 - 11:31 • José Pedro Frazão

O coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior diz que a desconfiança em relação à burocracia do Estado criou condições para o aparecimento de irregularidades na reconstrução de casas afetadas pelos incêndios. No programa " Da Capa à Contracapa", João Paulo Catarino reconhece que o maior desafio está na capacidade de atração de mais jovens para os territórios devastados em 2017.

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Punição exemplar. É o pedido do líder da Unidade de Missão para o Interior caso se confirmem eventuais irregularidades na atribuição de casas em zonas afectadas pelos incêndios de junho. Ouvido no programa "Da Capa à Contracapa", João Paulo Catarino diz que a existência de alguns casos irregulares "ensombra um processo que tem corrido extraordinariamente bem. Começou pela solidariedade dos portugueses, pela resposta da administração central e dos seus funcionários que devem ser lembrados e são muitas vezes esquecidos", dando o exemplo dos trabalhadores da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro, Ministério da Agricultura, Segurança Social e Saúde.

O homem que lidera a entidade que gere programas ligados ao interior chama a atenção para o impacto desta polémica nas crianças destas comunidades.

"Naquelas aldeias nota-se hoje até que há crianças que são vítimas de bullying na escola, porque o pai e a mãe têm uma casa nova e os que estavam ao lado não tiveram direito a uma casa nova porque não ardeu. Os fenómenos de inveja são próprios da condição humana e nestes territórios e aldeias são maiores ainda", afirma João Paulo Catarino. O antigo autarca de Proença-a-Nova diz ter alertado em devido tempo para os perigos da desburocratização excessiva das intervenções de apoio público após os incêndios.

"A seguir aos incêndios, ouvimos por todo o lado ‘desburocratizem’. Aliás houve muitas pessoas que não quiseram entregar o dinheiro, os seus donativos ao fundo criado pelo Estado precisamente porque sabiam que o Estado era muito burocrata e ia levar muito tempo a disponibilizar esse dinheiro às pessoas. Aliás até organismos públicos como a Caixa Geral de Depósitos optaram por não entregar o dinheiro ao fundo criado pelo Estado para esse efeito, precisamente por causa dessa questão. Queriam obrigatoriamente que o Estado desburocratizasse. Eu sempre disse ‘cuidado com a desburocratização’. Porque daqui a menos de um ano toda a gente iria querer ver os papeis que a lei obriga e muitos outros papéis", afirma o coordenador da UMVI.

Prioridade a incentivos aos jovens

João Paulo Catarino admite que os programas de recuperação no Pinhal Interior precisam de tempo para serem implementadas, com "continuidade de 10 ou 20 anos" para que os efeitos práticos dessas políticas se comecem a ver no terreno.

"Precisamos de pessoas no território, de jovens. Aí julgo que temos que fazer mais. Temos que convencer os jovens que têm futuro naqueles territórios, com um conjunto de incentivos à instalação de jovens agricultores, com financiamento para a instalação da sua atividade agrícola. O jovem agricultor não tem que ser isso de forma exclusiva, pode ter outra atividade. Pode fazer essa alteração na sua vida profissional de forma progressiva, mas devo reconhecer que não é um processo fácil. Tivemos 12 candidaturas. Esperamos que levem as candidaturas até ao fim", afirma o convidado da edição da edição desta semana do "Da Capa à Contracapa". O programa contou ainda com a participação de Paulo Fernandes, engenheiro florestal da UTAD e a jornalista Patrícia Carvalho, autora do livro "Ainda aqui estou" sobre os incêndios de Junho e Outubro de 2017, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

João Paulo Catarino destaca a "procura enorme" do programa de atração de novas empresas na ordem dos 100 milhões de euros e elogia a resposta do Governo e dos empresários no restabelecimento do tecido económico afetado pelos incêndios na zona centro.

Comentários
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  • roque santeiro
    15 out, 2018 13:13
    quando era crianca de escola, havia ataques verbais entre alunos conhecidos uns dos outros, assim como as origens familiares.. Passados anos, e como o lixo e nojo de lingua nao tem adjetivos para distinguir tais ataques foram buscar o Bulling aos ingleses..!! Isto apenas e so acontece porque o mito nao e reconhecido como linguagem própria ,e vai dai usa-se o ingles que devia "override" a porcaria do mito que devia ser eliminada do mapa..!!

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