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Exército. Como foi feita a escolha do general “reservado e inteligente”

19 out, 2018 - 17:55 • João Carlos Malta e Ana Rodrigues

Os candidatos, os decisores, o que é preciso para ser escolhido. Tudo o que tem de saber sobre o processo de escolha do novo Chefe de Estado-Maior do Exército.

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José Nunes da Fonseca chega, aos 57 anos, ao lugar de Chefe de Estado-Maior do Exército.

O novo homem forte do Exército não tem um trabalho fácil pela frente. Internamente vai ter que unir os militares, já que Rovisco Duarte ficou desgastado depois da exoneração dos cinco comandantes na sequência do assalto aos paióis de Tancos, e posterior demissão de dois generais.

Terá de fazer um esforço para limpar a imagem das Forças Armadas que têm estado sob muita pressão desde a polémica do Colégio Militar, da morte dos comandos e depois do caso de Tancos.

Saiba como se escolhe o Chefe de Estado-Maior do Exército.

Quem escolhe e como começa o processo?

Tudo começa no ministro da Defesa Nacional, que vai elencar todos os tenentes-generais de três estrelas do respetivo ramo, estejam ao serviço do Exército ou não.

Há tenentes-generais no Estado-Maior das Forças Armadas, tenentes-generais na Guarda Nacional Republicana e no Exército.

O ministro manda chamar aqueles que entende para uma entrevista e, durante essa conversa, vai-se inteirar dos projetos e ideias dos potenciais candidatos. O governante faz aí a sua escolha.

O que acontece depois?

Esse nome vai ao Conselho Superior do Exército, que é o órgão onde estão os generais do respetivo ramo que validam ou não. De seguida, a escolha é analisada pelo Conselho de Chefes de Estado-Maior, organismo em que juntam o Chefe do Estado-Maior General das Força Aérea, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e o Vice-Chefe Maior de Estado do Exército.

O nome volta de seguida ao Governo, sendo que é necessário um Conselho de Ministros para aprovar o nome.

O passo seguinte é o envio da decisão para o Presidente da República (PR), que se validar, dará a posse ao candidato.

Quantos candidatos havia?

No total, havia quatro oficiais-generais do Exército, três na GNR e um no Estado Maior das Forças Armadas.

Ou seja, oito candidatos que correspondem aos tenentes-generais que estão no ativo.

A escolha neste caso foi para o elemento que provinha da GNR.

Porque é que só existem oito candidatos?

É o número de generais que estão no topo da hierarquia, generais de três estrelas e que podem ascender às quatro estrelas.

O nome pode ser vetado?

Sim, mas não é um processo muito comum. No entanto, no passado o Presidente da República não aceitou alguns nomes.

O que acontece no caso de veto?

O processo volta ao início.

Quanto tempo demora o processo?

Normalmente poucos dias, porque se cria um vazio que é necessário preencher.

Nunes da Fonseca era um dos principais candidatos?

Não estava entre os nomes mais falados, já que em termos hierárquicos era o quarto.

Para muitos militares, o atual vice-chefe de Estado-Maior do Exército, o general Campos Serafino, o mais antigo na hierarquia, seria aquele que podia unir o ramo. Mas o seu nome surgiu nas escutas ao caso de Tancos e o novo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho quer afastar todas as dúvidas.

José Nunes da Fonseca acabou por ser o escolhido.

Quem é Nunes da Fonseca?

José Nunes da Fonseca nasceu em Mafra, em 1961. Estava colocado na GNR, onde ocupava o cargo de segundo comandante-geral. É formado em Engenharia e vem de uma família de militares que estudou no Instituto dos Pupilos do Exército.

Foi em primeiro aluno destacado do curso da Academia Militar. É considerado reservado e inteligente e uma pessoa respeitada pelos militares.

Há quanto tempo está no exército?

Com 38 anos de serviço, soma várias missões, algumas das quais já como oficial general como é o caso da missão da NATO no Kosovo, em 2011, onde foi comandante da força logística.

Somam-se também vários louvores e medalhas internacionais (Itália, Bósnia, Kosovo, Espanha, Brasil e França), além de 23 louvores nacionais e três estrangeiros.

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