20 out, 2018 - 15:00
O Presidente da República garante desconhecer os factos na base do desaparecimento e reaparecimento das armas de Tancos, recordando que tem insistido na exigência do esclarecimento de “toda a verdade, doa a quem doer”.
“Ora, se eu insisti e insisto nessa exigência é, precisamente, porque, tal como todos os portugueses, não sabia nem sei os factos que ocorreram e as inerentes responsabilidades, nomeadamente criminais”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que é também Comandante Supremo das Forças Armadas.
Em resposta a perguntas da agência Lusa sobre se sabia dos factos relacionados com o reaparecimento das armas furtadas há mais de um ano do paiol de Tancos, o chefe de Estado sublinhou que, desde junho do ano passado, “nalguns casos semana a semana”, tem insistido “no sentido de exigir o esclarecimento de toda a verdade, doa a quem doer”.
“Precisei que se trata de apurar factos e responsabilidades, quer quanto ao desaparecimento das armas, quer quanto ao seu destino, quer quanto ao seu reaparecimento”, frisou.
Por outro lado, questionado se falou com o ex-Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte, antes de ter este ter pedido a resignação, o Presidente da República respondeu negativamente. “Antes de ter recebido a carta de resignação do então CEME não me foi pedida por ele nenhuma audiência e, por isso, ela não se realizou”, disse.
Presidente da República falará diretamente aos portugueses se tal se impuser
Marcelo Rebelo de Sousa diz ainda que falará diretamente aos portugueses sobre o caso de Tancos, "sempre que tal se impuser", e acrescenta que continuará a exigir a “máxima rapidez” no apuramento da verdade.
“Em homenagem à mesma transparência que tem caracterizado o meu mandato, sempre que tal se impuser, não deixarei de esclarecer diretamente os portugueses, que me elegeram, perante os quais respondo, acerca de todas as matérias que sejam efetivamente relevantes. Como é o caso de Tancos”, assegurou.
O Presidente da República deixou ainda outra garantia: “Não deixarei de continuar a exigir o apuramento da verdade e a solicitar a máxima rapidez possível, dentro do respeito da autonomia do Ministério Público. Portugal não deve ficar, indefinidamente, com dúvidas sobre questão essencial para o Estado de Direito e o prestígio das Forças Armadas”.
Quanto a um eventual pedido para ser ouvido na futura Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o caso de Tancos, o chefe de Estado disse não ter conhecimento de “qualquer iniciativa nesse sentido”, e advertiu: “Mas sei que tal não tem qualquer acolhimento constitucional ou legal”.