13 nov, 2018 - 11:38 • Pedro Mesquita
Lisboa é a região do país onde o Produto Interno Bruto (PIB) mais caiu em relação à média nacional, nos últimos 10 anos. Foi a região que mais sentiu a crise e é aquela que mais lentamente está a recuperar.
Este é um dos dados a sublinhar no estudo "Assimetrias e Convergência Regional", preparado por uma equipa da Universidade do Minho para a Associação Comercial do Porto.
O PIB per capita da Área Metropolitana de Lisboa caiu de 144% do PIB per capita nacional, em 2000, para 132%, em 2016. Na prática, Lisboa deixou de ser o principal motor da economia portuguesa.
Nesta fase, o que mais contribuiu para o crescimento da economia portuguesa foram a indústria e as exportações, com destaque para regiões como o Ave e o Tâmega e Sousa, tradicionalmente mais desfavorecidas e com menos qualificações. O coordenador deste estudo chega a comparar estas regiões, no capítulo da formação, à Colômbia ou Botswana.
"Portugal teve um modelo de desenvolvimento que se esgotou, muito assente no peso do Estado”, explica Fernando Alexandre à Renascença. O coordenador do estudo, realça que a região de Lisboa é a mais endividada do país e aquela que está mais dependente das compras e vendas ao Estado, o que está a atrasar a sua recuperação económica.
"Lisboa tem que mudar, porque o país tem que mudar", afirma Fernando Alexandre. “Há uma grande concentração dos serviços do Estado em Lisboa, muitos estão lá por inércia e criam uma enorme dependência da região dos serviços dos estado”, constata, salientando que "não é eficiente do ponto de vista económico".
Fernando Alexandre defende que todas as entidades reguladoras devem sair de Lisboa. Contudo, alerta, o planeamento deve ser feito a dez anos, "para não acontecer a trapalhada que aconteceu com o Infarmed”.
O estudo conclui que a administração local se tem mostrado mais eficiente nas suas compras e defende, por isso, que seria benéfico aumentar as receitas próprias dos municípios. Neste capítulo, sugere uma maior aposta na educação e formação profissional como forma de aumentar a competitividade das regiões e, no plano económico uma distribuição geográfica mais equilibrada das empresas fornecedoras do Estado, particularmente concentradas hoje em Lisboa.