09 dez, 2018 - 15:22
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, defende que Portugal "tem ainda um papel imprescindível a desempenhar" na República Centro-Africana (RCA), na estabilização do país, e vai propor o prolongamento das duas missões.
"Amanhã será discutido no Conselho Superior de Defesa Nacional a colocação das nossas Forças Nacionais Destacadas em 2019, a proposta que vamos fazer vai no sentido da manutenção desta missão, naturalmente que não me posso antecipar às conclusões, mas acreditamos que temos um papel imprescindível ainda a desempenhar aqui na RCA", afirmou este domingo João Gomes Cravinho, em declarações à agência Lusa, em Bangui, capital da República Centro-Africana.
O ministro da Defesa, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, e o chefe do Estado-Maior do Exército, general Nunes da Fonseca, estiveram este domingo, numa curta visita, com os militares portugueses nas missões da ONU [MINUSCA] e da União Europeia na RCA, em Bangui.
Perante os militares que integram a missão de treino da União Europeia, comandada pelo general português Hermínio Maio, cujo mandato vai ser prolongado até julho do próximo ano - João Gomes Cravinho afirmou que Portugal é "especialista em exportar segurança onde é necessário", e manifestou solidariedade para com o povo centro-africano.
"Aqui sentimos que estamos longe de casa, numa parte do mundo remota, mas tenho sentido um grande interesse e reconhecimento pelo trabalho de Portugal", disse, numa intervenção no campo da EUTM, UCATEX.
Em declarações à Lusa, o ministro sublinhou o "papel de grande importância" de Portugal nas duas missões no apoio à construção de um país "democrático e estável", e manifestou "plena confiança" nos militares portugueses, apesar do risco a que estão sujeitos.
"A força está bem protegida, está bem treinada, é muito competente, é evidente que está em situações de risco, em situações em que são obrigados a utilizar tudo aquilo que aprenderam na sua formação e todo o equipamento que têm", admitiu.
O 4.º contingente português na RCA enfrentou, um mês após a chegada a Bangui, sete horas de intensos confrontos com grupos armados numa das cidades mais problemáticas da RCA, Bambari, dos quais resultou um "ferido ligeiro" na força de reação rápida portuguesa.
O ministro da Defesa, os chefes militares e os comandantes das missões seguiram depois para o aquartelamento onde está sediado o contingente português, M`Poko, para encontros com o representante especial da ONU para a RCA, Parfait Onanga-Anyanga, e com a ministra da Defesa da RCA, Marie-Noelle Koyara.
Portugal tem atualmente 214 militares empenhados em missões na RCA, 159 dos quais na MINUSCA, uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação e 45 na missão da União Europeia de formação e assessoria às Forças Armadas da RCA.
O 4.º contingente na MINUSCA chegou ao teatro de operações em setembro passado e será rendido no final do primeiro trimestre de 2019. Como força de reação rápida da componente militar da MINUSCA, conduz operações de combate no terreno, patrulhas, vigilância e recolha de informações, visando a proteção dos civis e das infraestruturas ou áreas sensíveis.
Na segunda-feira, chegam a M`Poko os primeiros seis elementos do reforço de 20 militares previsto, que completarão o contingente até ao final de dezembro, com seis viaturas blindadas PANDUR, com mais poder de fogo, transporte e que também são empregues em evacuações sanitárias.
A missão da UTM integra 45 militares do Exército e da Força Aérea e é comandada desde janeiro de 2018 pelo general português Hermínio Maio, que vai manter o comando até julho de 2019.
Desde setembro passado que a missão da UTM conta com 187 militares, de 11 nacionalidades, de países da União Europeia e estados parceiros como a Bósnia Herzegovina, a Sérvia e a Geórgia.
A missão da União Europeia contempla assessoria, formação e treino operacional às Forças Armadas da RCA [FACA], visando "torna-las credíveis e autossustentáveis" na defesa e segurança do país.