16 dez, 2018 - 12:14
A empresa que gere a navegação aérea (NAV) alertou meia hora após a perda de contacto com o helicóptero do INEM, entidades como a Proteção Civil e a Força Aérea para a falha de comunicação com o aparelho.
Segundo a NAV, à 19h40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, "que é quem ativa a busca e salvamento", 20 minutos depois de terem sido contactados os CDOS do Porto, Braga e Vila Real, que "não atenderam".
Numa nota enviada à Lusa, em que afirma ter adotado "com diligência e celeridade todos os procedimentos estabelecidos para este tipo de situações", a NAV Portugal transcreve, ao minuto, a sequência de acontecimentos após a falta de comunicação com o helicóptero HSU203, acidentado junto a Valongo no sábado e que resultou na morte de quatro pessoas.
Segundo a NAV, a tripulação contactou com a Torre de Controlo do Porto às 18h30, para informar que iria descolar para Macedo de Cavaleiros via Baltar dentro de 5/6 minutos, informando ainda que se não conseguisse aterrar em Baltar, poderia prosseguir para o Porto.
Segundo o INEM avançou no sábado, a aeronave estava desaparecida desde as 18h30.
A tripulação contactou, pela primeira vez, a Torre de Controlo do Porto, já em voo, às 18h37, e foi contactada às 18h39 pela Torre de Controlo, que pretendia saber qual a altitude que pretendia manter, tendo a tripulação informado que iria manter 1.500 pés.
A primeira perda de sinal radar com o helicóptero deu-se às 18h55, afirmou a NAV, salientando ainda que a perda de comunicações "é normal", devido "à altitude e orografia do terreno".
A hora expectável de aterragem, tendo em conta a hora de descolagem do aparelho, era às 19h00, destacou ainda a NAV.
A empresa destacou que às 19h20, "de acordo com o protocolo de atuação, que determina que 30 minutos após o último contacto expectável se iniciem tentativas de contacto com a aeronave", a Torre de Controlo do Porto contactou telefonicamente várias entidades, entre as quais os bombeiros de Valongo e a PSP de Valongo.
À mesma hora, foi tentado o contacto ainda com os Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, Braga e Vila Real "que não atenderam".
"Só após contactar o CDOS de Coimbra, que reencaminhou a chamada para o Porto, é que se conseguiu contactar o CDOS do Porto", vincou a NAV.
Foram também contactados o Aeródromo de Baltar, os telemóveis da tripulação, o Aeródromo de destino, em Macedo de Cavaleiros, o Heliporto de Massarelos, "para saber se tinham optado por regressar, tendo aqui sido contactada a PSP para ir verificar ao local, uma vez que o heliporto não tem operações permanentes", acrescentou a empresa.
Segundo a NAV, à 19h40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, "que é quem ativa a busca e salvamento".
Na sua comunicação, a NAV apresenta também as "sentidas condolências aos familiares e amigos das vítimas do trágico acidente".
Ministério quer investigação urgente
O ministro da Administração Interna determinou à Proteção Civil a abertura de um "inquérito técnico urgente" ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas relativamente ao acidente com o helicóptero do INEM.
Numa nota enviada hoje à comunicação social, o ministro Eduardo Cabrita anuncia que "determinou à Autoridade Nacional de Proteção Civil a abertura de um inquérito técnico urgente ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas em relação ao acidente que envolveu o helicóptero do INEM e que vitimou quatro pessoas
Autoridade de Protecção Civil mantém que contacto foi às 20h15
O comandante distrital do Porto da Proteção Civil, Carlos Alves, disse desconhecer "qualquer atraso nas comunicações" entre bombeiros e aquela entidade no caso do helicóptero que caiu no sábado em Valongo, causando a morte dos quatro ocupantes.
"Não temos indicação de qualquer atraso da comunicação entre os bombeiros e a Proteção Civil. Toda a operação foi iniciada após comunicação da entidade local da Proteção Civil, neste caso o Comando Distrital de Operações de Socorro [CDOS] do Porto, para as corporações de bombeiros locais", afirmou Carlos Alves, em declarações aos jornalistas no local onde decorrem as operações de socorro, no concelho de Valongo, distrito do Porto.
"Tanto quanto sei, os bombeiros foram os primeiros a chegar ao local", acrescentou o comandante, que afirmou desconhecer "qual a primeira entidade a receber o alerta" sobre a queda do helicóptero e garantindo que o aviso chegou à Proteção Civil "às 20:15", cerca de duas horas após o último contacto da aeronave com a torre de controlo.
Sem conseguir "precisar a hora da chegada dos primeiros bombeiros" ao local onde caiu o helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Carlos Alves assegurou que "a operação [de socorro] foi desenrolada a partir das 20:15", hora a que a Proteção Civil recebeu o alerta para o acidente.
"O alerta para a Proteção Civil foi às 20:15. Tudo o resto que aconteceu antes não consigo confirmar", observou o comandante.
Segundo Carlos Alves, antes do alerta à Proteção Civil "há toda uma série de entidades que entram no processo de despoletar este tipo de operação".
"Desconheço qual foi a primeira entidade a receber o alerta", afirmou.
Carlos Alves disse também que o SIRESP [operadora da Rede Nacional de Emergência e Segurança resultante da parceria público-privada promovida pelo Ministério da Administração Interna] funcionou neste caso.
"O SIRESP funciona. Por vezes, com uma sobrecarga localizada, poderá eventualmente ter quebras", descreveu.
Cadávares retirados este domingo
Segundo o comandante estão no terreno 81 operacionais apoiados por 34 veículos.
Uma das maiores dificuldades neste momento é chegar até a zona em que o helicóptero caiu. A ororgrafia na zona é acentuada e foi necessário criar acessos para se remover os corpos da vítimas mortais em segurança.
"Foi necessário limpar o mato e estabilizar o solo para remover os corpos em segurança", explicou aos jornalistas o comandante Carlos Rodrigues Alves.
No local foi ainda detetada uma antena partida no cima do monte, sendo que se suspeita que a aeronave possa ali ter embatido. O comandante Carlos Rodrigues Alves não confirma a existência de caixa negra.
"A expectativa é que os corpos sejam removidos hoje. Há dois que são mais fáceis mas os outros será necessário proceder as manobras de desencarceramento", explicou o operacional no terreno.