18 dez, 2018 - 14:20
O Presidente da República considera que, caso se confirmem os erros no socorro às vítimas da queda do helicóptero do INEM, em Valongo, "o Estado falhou".
"Aquilo que consta no relatório preliminar [da Proteção Civil] são quatro falhas: duas da NAV [Navegação Aérea de Portugal] e duas do 112. É muita falha e muita falha significa que o Estado falhou, se se confirmarem" as conclusões desse relatório, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa esta terça-feira, na Mealhada.
O chefe de Estado salientou, contudo, que espera que não se confirmem as conclusões. É agora necessário "apurar se foi assim e, se foi assim, é preciso responsabilizar e corrigir para as pessoas poderem confiar [nas instituições]", referiu.
O Presidente da República notou ainda que o país retirou lições relativamente aos incêndios de 2017. Porém, "está visto que ainda não retirámos lições quanto a estradas que caem e dificuldades de comunicação como quando há acidentes como estes. Convém retirar lições", salientou.
O relatório preliminar da Proteção Civil sobre a queda do helicóptero do INEM em Valongo, divulgado esta terça-feira, aponta falhas à NAV Portugal, ao 112 e ao Comando Distrital de Operações de Socorro do Porto (Proteção Civil).
"O contacto com o Rescue Cordination Center (RCC), da Força Aérea Portuguesa, para a identificação de um possível acidente com uma aeronave, tanto por parte da NAV Portugal como do CONOR [Centro Operacional do Norte do 112], não foi efetuado com a necessária tempestividade, podendo ter comprometido o tempo de resposta dos meios de busca e salvamento", indica o documento.
Marcelo no funeral da enfermeira que morreu no acidente
O Presidente a República assistiu hoje, em Paredes, às cerimónias fúnebres da enfermeira do INEM que morreu na queda do helicóptero, no sábado, em Valongo.
O chefe do Estado estava acompanhado da ministra da Saúde, Marta Temido.
A queda do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no sábado, em Valongo (distrito do Porto) provocou a morte a quatro pessoas: dois pilotos, um médico e uma enfermeira.
Apesar da chuva intensa e do frio, ao funeral compareceram centenas de pessoas, destacando-se a presença de dezenas de elementos do INEM com as suas roupas de trabalho, das corporações de bombeiros da região e da GNR.
Os elementos do INEM despediram-se da ex-colega com palmas à passagem do cortejo fúnebre em direção ao cemitério de Baltar, onde se realizou o enterro em ambiente de consternação.
Equipas das VMER homenageiam vítimas
As equipas das 44 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) de Portugal vão homenagear hoje, às 19h00, as vítimas do acidente do helicóptero em Valongo. A escolha da hora "tem que ver com a hora a que poderá ter ocorrido o acidente", explica a coordenadora do serviço no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos.
Segundo Adelina Pereira, os colegas do médico, enfermeira e pilotos do INEM, vítimas da queda da aeronave na Serra de Santa Justa, pretendem com este gesto “contornar o facto de ser impossível comparecer a todos aos funerais”.
"Um minuto de silêncio após um breve toque de dois ou três segundos da sirene da ambulância, seguido da largada de quatro balões brancos" marcará a homenagem dos colegas dos dois pilotos, do médico e da enfermeira que faleceram no acidente aéreo, descreve a responsável à agência Lusa.
No caso do Hospital Pedro Hispano, a homenagem será feita no heliporto, "onde durante anos o helicóptero que caiu esteve baseado" antes de seguir para Macedo de Cavaleiros.
A aeronave em causa é uma Agusta A109S, operada pela empresa Babcock, e regressava à sua base, em Macedo de Cavaleiros, Bragança, após ter realizado uma missão de emergência médica de transporte de uma doente grave para o Hospital de Santo António, no Porto.
Este é o acidente aéreo mais grave ocorrido este ano em Portugal, elevando para seis o número de vítimas mortais em acidentes com aeronaves desde janeiro.