21 dez, 2018 - 13:24 • Redação com Lusa
A partir do dia 20 de fevereiro, os lisboetas só poderão ir ao cinema no Monumental aos fins de semana. E, depois da reestruturação do edifício, as sessões de cinema terminam.
A notícia foi dada esta sexta-feira numa conferência de imprensa convocada pela Medeia Filmes, empresa de distribuição e exibição responsável pela exploração das quatro salas de cinema do Monumental.
A partir de fevereiro, só a maior das quatro salas de cinema ficará em funcionamento e apenas aos sábados e domingos.
As sessões “serão organizadas pela Medeia com inedetismo e alguma dinâmica”, até “haver uma reestruturação completa do prédio do Monumental”, anunciou Paulo Branco, proprietário da Medeia Filmes.
Paulo Branco garante que, uma vez terminadas as obras, a Medeia não voltará a explorar os cinemas do Monumental.
“As coisas quando acabam, acabam”, afirmou, adiantando que, mesmo com “condições de exceção para a exploração do espaço”, “não era economicamente viável continuar” ali.
“Esta situação deriva, essencialmente, de, em termos económicos, ser absolutamente impensável manter um espaço destes ocupado com exibição cinematográfica. É sobretudo irrealista”, sustentou o produtor.
“Há uma conjuntura económica que faz com que a rentabilidade destes espaços não se coadune com uma atividade que não tem capacidade de os arrendar”, apesar de “uma enorme atenção da parte dos proprietários” do Monumental, explicou ainda.
O Cinema Monumental tem quatro salas com capacidade para mais de 800 pessoas e uma programação que privilegia o cinema independente. Também é um dos poucos cinemas onde é proibido o consumo de pipocas e as sessões não são antecedidas por vários minutos de publicidade.
No que diz respeito aos trabalhadores, foi feita a cessação do vínculo de trabalho com quatro dos funcionários da Medeia Monumental, “uma escolha deles”, e “os outros continuarão connosco”, avançou Paulo Branco.
20 milhões para a requalificação
O Monumental vai ser remodelado, no interior e na fachada, no segundo semestre de 2019. As obras terão a duração de um ano e deverão custar 20 milhões de euros.
A informação é avançada pela agência Lusa, que cita fonte dos proprietários – a empresa MP Properties.
O objetivo dos proprietários é manter a valência de cinema no edifício e "encontrar um operador interessado em explorar".
Em Lisboa, Paulo Branco manterá apenas a exploração do cinema Nimas, próximo do Monumental, onde vai reforçar a programação.
Enquanto exibidor, através da Medeia Filmes, Paulo Branco tem ainda programação regular de cinema fora de Lisboa, "na província, onde já há um vazio enorme". É o caso do Teatro Municipal Campo Alegre e no Rivoli (Porto), do Cinema Charlot (Setúbal), do Centro de Artes e Espetáculos (Figueira da Foz), do Theatro Circo (Braga) e do Teatro Académico Gil Vicente (Coimbra).
"Se fechamos é para fazer melhor, não é para parar", afirmou Paulo Branco, sublinhando que pretende continuar a mostrar cinematografias de todo o mundo e com "escolhas criteriosas" de realizadores.
Breve história de um edifício emblemático
O Cine-teatro Monumental foi projetado em 1946, com uma sala de cinema e outra de teatro, ambas com capacidade para mais de mil espectadores.
O edifício foi depois arrendado pelo empresário Vasco Morgado com o intuito de apresentar espetáculos de teatro declamado, operetas, revistas e atrações musicais.
Nos anos de 1970, acrescentou-se uma nova sala de cinema, de reduzidas dimensões, no último piso do edifício.
Em 1982, face à dificuldade de suportar as despesas, o então presidente da Câmara de Lisboa, Nuno Krus Abecasis, decretou a demolição do edifício, o que gerou uma enorme contestação social.
Enquanto cine-teatro, o Monumental fechou portas em meados de 1984, nascendo depois, em 1993, no mesmo espaço, um centro comercial de fachada espelhada, com lojas, escritórios e quatro salas de cinema.