09 jan, 2019 - 20:59
O Conselho de Administração do Hospital de S. João, no Porto, apresentou a renúncia de funções, confirmou esta quarta-feira o Ministério da Saúde.
"O Ministério da Saúde teve conhecimento do pedido de renúncia do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João, na sequência do término do mandato a 31 de dezembro. É um mecanismo que está previsto na Lei", disse o gabinete da ministra Marta Temido, em comunicado.
No documento, o Ministério diz que tem dialogado com o Conselho de Administração no âmbito da resolução do processo da ala de pediátrica, "reconhecendo o empenho do presidente em criar condições para a transferência dos doentes pediátricos para as instalações do hospital".
A renúncia foi também confirmada pelo próprio Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, que num comunicado refere que a decisão pretendeu "facilitar a sua substituição da forma mais rápida possível".
"Foram estes os únicos fundamentos que estiveram na base do pedido de renúncia", refere o comunicado do Conselho de Administração do hospital, que assumiu funções em 2016 liderado por António Oliveira e Silva.
De acordo com a RTP, os administradores queixam-se da falta de recursos humanos e técnicos e da degradação das condições de trabalho.
O Hospital São João tem sido notícia nos últimos meses devido às obras de construção da ala pediátrica, a funcionar há cerca de dez anos em contentores.
Esta situação levou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a passar o dia de Natal com as crianças internadas naquela unidade de saúde. No mesmo dia, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que as obras da nova ala pediátrica deveriam arrancar este ano e ficar concluídas em 24 meses.
No passado dia 3 o hospital indicou que a obra da ala pediátrica era para começar no início do segundo semestre, prevendo-se para abril a transferência provisória da pediatria oncológica, atualmente em contentores, para o edifício central.
Há dez anos que o Hospital de São João tem um projeto para construir uma ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.
O parlamento aprovou a 27 de novembro, por unanimidade, a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019, de forma a prever o ajuste direto para a construção da ala pediátrica.
CDS quer ouvir ministra da Saúde
O CDS-PP "vê com muita preocupação" a renúncia em bloco da administração do Hospital de São João, no Porto, e vai chamar ao parlamento a ministra da Saúde e aquela equipa da unidade hospitalar para pedir explicações.
"Vemos com muita preocupação a notícia da demissão em bloco da administração do Hospital de São João, com uma explicação que não nos parece cabal nem satisfatória face à atitude tomada, e salientamos que não é a primeira vez que o CDS manifesta preocupação com as questões relacionadas com a saúde", disse a vice-presidente do CDS-PP Cecília Meireles.
"Andamos há anos a alertar para o estado muito difícil da saúde e, em particular, dos hospitais públicos e já por várias vezes tivemos a oportunidade de confrontar o Governo com esse facto", adiantou.
A deputada lembrou que o seu partido já esteve reunido com a administração do Hospital de São João e, face à preocupação com a situação, o CDS-PP vai chamar à Comissão de Saúde a ministra e o conselho de administração da unidade hospitalar, "para que se possa perceber o que se passou e para que o parlamento possa exigir explicações ao Governo".
"Não é a primeira vez que somos confrontados com demissões e com problemas gravíssimos e o Governo parece querer arrastar os problemas ao invés de os resolver e é uma situação que não é aceitável", acentuou.
Cecília Meireles enfatizou que "se o que está em causa fosse apenas uma substituição, não se percebe porque é que não se procedeu com normalidade a essa substituição".
"Acho que o simples facto de estarmos com uma administração que não apenas toma esta atitude, mas que tem tido em mãos o difícil caso da ala pediátrica, saliento que não deve cair no esquecimento [esta renúncia] e que havia a garantia de que em janeiro as obras já estariam no terreno", sublinhou.
"Nada melhor que a senhora ministra aproveitar esta ocasião para dar explicações ao parlamento", concluiu.
[notícia atualizada às 23h09]