16 jan, 2019 - 16:56
Armando Vara, o ex-ministro socialista condenado a cinco anos de prisão no âmbito do processo Face Oculta, entregou-se pouco depois das 16h30 desta quarta-feira na cadeia de Évora.
No início da semana, a juíza titular do processo tinha dado três dias ao ex-ministro para se entregar no estabelecimento prisional alentejano onde vai começar agora a cumprir a pena a que foi condenado em setembro de 2014.
À entrada para o estabelecimento prisional, Armando Vara falou com os jornalistas, dizendo que se apresentava "para cumprir uma pena injusta", porque considera-se "inocente".
O antigo ministro admitiu “uma certa indignação”. “Este não é propriamente o momento em que mais me apetece falar”, afirmou ainda aos jornalistas.
Armando Vara, que tinha até quinta-feira para se apresentar na cadeia de Évora, chegou a este estabelecimento prisional acompanhado pelo seu advogado, Tiago Rodrigues Bastos.
“Não houve uma decisão justa”
Sobre a prisão do ex-ministro socialista, Tiago Rodrigues Bastos considerou que “não houve uma decisão justa”.
“Não é um dia feliz na carreira de um advogado e neste momento o que interessa é que se cumpra o que tem de se cumprir”, disse o advogado de Armando Vara, classificando o momento como difícil por considerar que a decisão é injusta. “Creio que a decisão é errada sob todos os pontos de vista”, disse.
Tiago Rodrigues Bastos disse ainda que recebeu instruções de Armando Vara para não usar qualquer expediente dilatório e para comunicar a todas as entidades que se apresentaria para cumprir a pena. “Não adiámos um minuto por indicações expressas do meu constituinte que recusou qualquer expediente que adiasse o cumprimento da decisão”, frisou.
A condenação de Vara transitou em julgado em dezembro, após esgotadas todas as possibilidades de interposição de recurso, no âmbito do processo Face Oculta.
O processo Face Oculta está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor do Estado e privadas. Vara foi condenado por três crimes de tráfico de influências. O coletivo de juízes deu como provado que o antigo ministro e ex-vice-presidente do BCP recebeu 25 mil euros do sucateiro Manuel Godinho, o principal arguido no caso, como compensação pelas diligências empreendidas em favor das suas empresas.
[notícia atualizada às 00h21]