28 jan, 2019 - 17:30 • Redação
O primeiro dia de audições da fase de instrução da “Operação Marquês” chegou ao fim, com a defesa de Bárbara Vara a dizer que a arguida respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas e a manifestar confiança.
A sessão com a primeira arguida a ser ouvida durou menos de duas horas.
O advogado Rui Patrício mostra confiança nos argumentos apresentados para rebater a acusação do Ministério Público (MP).
“Correu normalmente. Não havia razões para não estar satisfeito. Quem conhece o processo naturalmente imagina que o interrogatório foi fiel e seguiu aquilo que nós alegamos no requerimento de abertura de instrução”, afirmou Rui Patrício aos jornalistas.
Questionado se o argumento de que Bárbara Vara não sabia da proveniência do dinheiro do pai será suficiente para contrariar a prova e a acusação do Ministério Público, o advogado deixou uma certeza: “eu não sei se é suficiente porque quem tomará a decisão é o meritíssimo juiz, mas eu sei que é verdade e eu saber que é verdade é o que importa”.
Bárbara Vara foi a primeira arguida a ser ouvida na fase de instrução do processo Operação Marquês, que se iniciou esta segunda-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Bárbara Vara está acusada de dois crimes de branqueamento de capitais, um em cumplicidade com o seu pai, a cumprir pena de prisão ao abrigo do processo Fase Oculta, e outro em coautoria com outros arguidos do processo, nomeadamente Carlos Santos Silva.
O inquérito Operação Marquês, que teve início há mais de cinco anos - culminou na acusação a 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - e investigou a alegada prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.
José Sócrates foi acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.
Entre outras imputações, o Ministério Público está convencido que Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos e na PT, bem como para garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento de luxo Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.
Entre os 28 arguidos estão Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Armando Vara, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.