01 fev, 2019 - 22:09
O Presidente da República faz um apelo genérico a que se pese o custo social das paralisações, sobretudo quando são muito longas, depois de questionado sobre a nova greve dos enfermeiros, que recusou comentar em concreto.
À saída da apresentação de um livro no Palácio Foz, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa falou "genericamente" para quem exerce "o seu legítimo direito de greve", considerando que "devem pensar, sobretudo quando se trata de processos muito longos no tempo, a vantagem que retiram do ponto de vista da defesa dos seus direitos e a desvantagem que se traduz na reação dos portugueses que são mais diretamente atingidos nesses processos".
"Devem permanentemente ter presente essa balança, esse equilíbrio, que tem dois pratos: um prato é o exercício legítimo do direito à greve, o outro é o custo social sofrido por, nalguns casos, muitos milhares de portugueses. Isso penso que deve ser ponderado permanentemente por quem exerce um direito desses", reforçou.
Antes, a comunicação social perguntou ao chefe de Estado se concorda com o primeiro-ministro, António Costa, que classificou de "greves selvagens" e "absolutamente ilegais" as paralisações dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de sete centros hospitalares que começaram na quinta-feira e estão convocadas até 28 de fevereiro.
"Nunca me pronuncio sobre greves específicas, ou sobre movimentos específicos ou processos sociais específicos e, portanto, não vou comentar", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.
Interrogado sobre a possibilidade de o Governo recorrer à justiça para esclarecer se o 'crowdfunding' que suporta estas paralisações é legal ou de vir a recorrer à requisição civil, o Presidente da República recusou novamente "comentar um processo concreto".
Quem comentou a greve dos enfermeiros foi o primeiro-ministro. António Costa declarou esta sexta-feira a paralisação "absolutamente ilegal" e "selvagem", garantindo que o Governo "vai recorrer a todos os meios legais que estiverem ao seu alcance para impedir que haja a prática do recurso ilegal à greve".
A ministra da Saúde, Marta Temido, já havia dito na quarta-feira que o Governo equaciona recorrer a meios jurídicos face à nova greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de sete hospitais públicos (São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta), uma greve que teve início esta quinta-feira e que se prolonga até 28 de fevereiro – isto depois de as negociações com as estruturas sindicais terem terminado de forma inconclusiva.
O Governo estará igualmente a ponderar recorrer à requisição civil para travar esta "greve cirúrgica". Ontem, no primeiro dia de uma paralisação que se prolongará até 28 de fevereiro, pelo menos 261 cirurgias marcadas para o período da manhã em cinco hospitais da região Norte foram adiadas, garantiu a ASPE.