08 fev, 2019 - 15:56 • Sandra Afonso com redação
Os serviços mínimos durante a paralisação dos enfermeiros devem ser redefinidos para os doentes oncológicos. Assim defende a Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo, na sequência do impacto da greve às cirurgias.
À Renascença, o presidente da associação lembra que todos os dias estão a ser adiadas cirurgias, o que, considera, é "inaceitável" porque põe em causa a vida dos doentes.
"Tudo aquilo que é de oncologia, não só as cirurgias mas sobretudo as cirurgias, todas elas, mas também todos os tratamentos de quimioterapia, todos os tratamentos de radioterapia e qualquer episódio relacionado com a vida de um doente [oncológico] deve estar inserido no serviço mínimo", defende Luís Neves.
"Normalmente só nos hospitais é que são feitas ações relativamente às terapêuticas oncológicas e portanto os doentes oncológicos têm de estar todos abrangidos pelos serviços mínimos numa greve deste tipo", acrescenta.
Vítor Neves admite que todos os profissionais têm direito a fazer greve, mas ressalta que a defesa da vida deve ser um limite bem demarcado.
"Qualquer grupo profissional tem o direito de fazer as suas reivindicações, é um direito que temos numa sociedade democrática. Agora, aquilo que nós entendemos é que a greve dos senhores enfermeiros é dos assuntos mais graves que podem acontecer aos doentes oncológicos."
O presidente da Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo lembra que, "numa doença oncológica, a cirurgia é o tratamento mais eficaz e com intenção curativa" e que, por isso, "tem de se fazer o mais rápido possível".
O que está a acontecer com esta greve, aponta, é que há cirurgias, algumas das quais dependem as vidas dos doentes, que estão a ser adiadas e não deviam.
"Numa doença oncológica, qualquer adiamento que haja -- de um dia, que não é, são semanas ou meses -- só pode prejudicar o doente. Neste momento estamos a sentir que os doentes oncológicos estão a ter prejuízos graves na sua saúde e até consequências de vida, porque nas doenças oncológicas não se deve tardar o início da terapêutica."