09 fev, 2019 - 17:15 • Lusa
Cerca de 40 pessoas, entre "coletes amarelos" e lesados do BES, manifestaram-se este sábado, em Cascais, frente da residência do antigo presidente do banco, Ricardo Salgado, exigindo a devolução do dinheiro investido e garantindo que os protestos vão continuar.
Às 12h40, os manifestantes concentraram-se em frente à casa de Ricardo Salgado, empunhando faixas com palavras de ordem como "basta de corrupção", e arrastando um esqueleto mecânico em representação dos "contribuintes privados" à espera de reforma.
"Estamos totalmente solidários com os lesados do BES e não vamos arredar pé até estas pessoas verem devolvido todo o seu dinheiro. O contribuinte português não de andar a salvar bancos e depois a receber excertos", disse à Lusa um dos "coletes amarelos", Nuno Branco.
Apesar de não adiantar detalhes ou datas, este manifestante indicou que pretendem realizar, também, protestos em frente à residência do antigo primeiro-ministro José Sócrates, bem como da sede do grupo Lena.
Por sua vez, os lesados do BES defenderam que as soluções que lhes têm sido apresentadas "não são satisfatórias" e prometeram também continuar com as manifestações.
"Depositámos as nossas economias de dez, 20, 40 anos, com depósito a prazo pelo período de nove meses, e esses senhores que dominam o país ficaram com as nossas economias", disse Jorge Novo, um dos lesados.
Este manifestante lamentou, ainda, que o Governo não tenha consultado os lesados, em assembleia-geral, para definir uma solução que permitisse resolver o problema.
"Vamos continuar na rua a combater os corruptos, porque quem está a pagar a fatura é o contribuinte", notou.
António Silva, assumindo-se também como lesado do BES, indicou que o grupo continua sem saber o destino das garantias dadas pelo Governo de Angola.
"O Banco de Portugal não explica para onde foram. Em 2013 mandou criar uma provisão para pagar aos clientes de retalho, que foi utilizada para outras imparidades, enquanto se esquecem da garantida do Governo de Angola", afirmou.
O BES, tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do Grupo Espírito Santo (GES).
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), sem licença bancária.