09 fev, 2019 - 08:40 • Rui Barros
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Os promotores da recolha de fundos em regime de 'crowdfunding' - que pode ser traduzido por financiamento coletivo ou colaborativo - para a greve dos enfermeiros às cirurgias pediram às pessoas que contribuíram que se identifiquem.
Numa mensagem de correio electrónico para todos os que contribuíram para o financiamento da greve, e a que a Renascença teve acesso, Nelson Cordeiro, um dos enfermeiros promotores da iniciativa, pede a todos os que contribuíram para "deixar de ser anónimo" e, com isso, provar que quem contribuiu para o financiamento da greve não eram "apoiantes anónimos que apenas querem destruir o SNS".
"Caros colegas Enfermeiros e apoiantes da nossa causa e que contribuíram para o fundo solidário de apoio aos colegas em greve. Como sabem, estamos a ser acusados de ter apoiantes anónimos que apenas querem destruir o SNS. Como promotor, eu, Nelson Cordeiro, e com o apoio dos restantes elementos da GC, não acreditamos que tais pessoas existam entre os nossos apoiantes anónimos", começa por dizer o enfermeiro, na mensagem que seguiu para todos os que ajudaram a financiar a greve.
"Apelo a todos os colegas e amigos da Greve Cirúrgica que deixem de ser anónimos, sem ser necessário a justiça obrigar a PPL a fornecer esses dados", escreve ainda o promotor da recolha de fundos, que depois explica a todos os que participaram na recolha de fundos como podem identificar-se através da plataforma.
De acordo com a edição deste fim-de-semana do semanário "Expresso", a ASAE vai investigar a greve dos enfermeiros.
Na sexta-feira, o Partido Socialista fez saber que vai iniciar um processo de diálogo com outras forças políticas para a apresentação de um projeto que proíba contribuições monetárias anónimas no 'crowdfunding', plataforma que está a financiar as chamadas "greves cirúrgicas" dos enfermeiros.
Depois de aprovada em conselho de ministros, foi publicada na passada sexta-feira em Diário da República a portaria que decreta com efeito imediato a requisição civil dos enfermeiros que aderiram à greve nos centros hospitalares onde não foram cumpridos os serviços mínimos.
No mesmo dia, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) anunciou que vai interpor uma providência cautelar para suspender a requisição civil, que produz efeitos até ao último dia do mês.
Os enfermeiros tinham já antes feito uma greve cirúrgica que se prolongou por 40 dias e levou ao cancelamento de mais de 7 mil cirurgias. Em ambos os casos, o impacto financeiro do protesto no bolso dos enfermeiros foi combatido através do apoio de uma plataforma de angariação de donativos anónimos.
A primeira campanha ultrapassou os 360 mil euros e a segunda soma mais de 420 mil euros angariados.