06 mar, 2019 - 14:33 • Tiago Palma , José Pedro Frazão
Fernando Medina comentou esta quarta-feira, na Renascença, o novo pedido de injeção de dinheiro estatal no Novo Banco, garantindo que a mesma, já que não é uma injeção direta, não terá um custo para os contribuintes, sobretudo para clientes bancários.
"Não se pode aqui dizer 'Não, não... esta solução não tem custos para os contribuintes' – como disse Maria Luís Albuquerque. Tem custos, claro que tem. Os 200 milhões de euros pagos pela banca, pelos vários bancos ao Fundo [de Resolução] – que depois irão ressarcir o Estado –, tem obviamente origem onde? Possivelmente em alguma diminuição da rentabilidade dos acionistas destes bancos, sim, mas também, naturalmente, nas taxas, nos spreads, em que os clientes dos outros bancos pagam todos para o sistema. Agora, não é uma injeção pelos contribuintes, mas é uma forma de pagamento que vai ser feita”, explica o autarca de Lisboa.
Uma coisa é certa, garante (ou espera) Medina: os bancos vão ressarcir o Estado do dinheiro investido no Fundo de Resolução.
“Mau seria se nós pensássemos que os bancos do sistema financeiro português não teriam possibilidade de contribuir anualmente com 200 milhões de euros para este Fundo [de Resolução], porque, aí, já não estávamos a falar de um problema; estávamos a falar só numa circunstancia absolutamente excecional. E, por isso, a probabilidade de o Estado receber de volta este crédito é grande”, começa por lembrar.
E conclui, Medina: "Isto é um empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, ou seja, não é uma entrada do Estado diretamente no capital do banco. Se vai ser ressarcido? Acho que vai. Porque quem é que tem que ressarcir o Estado deste montante? É o Fundo de Resolução, que é financiado através da contribuição do setor bancário, dinheiro que os vários bancos do sistema colocam dentro deste fundo.”
Na sexta-feira o Novo Banco informou ter registado prejuízos de 1.412 milhões de euros em 2018 e, na mesma ocasião, anunciou a intenção de solicitar ao Fundo de Resolução nova injeção de 1.149 milhões de euros para se recapitalizar, ao abrigo do mecanismo negociado aquando da venda ao fundo norte-americano Lone Star, em outubro de 2017.
Este valor soma-se à injeção de 792 milhões de euros já registada para fazer face a perdas de 2017.