13 mar, 2019 - 22:04 • Liliana Carona
Pilar del Rio, jornalista, escritora e viúva de José Saramago, que preside à Fundação com o nome do autor galardoado com o Nobel, esteve na cidade da Guarda, para inaugurar a Sala José Saramago, na escola profissional, local. No âmbito da visita, a defensora assumida dos direitos das mulheres foi questionada pelos jornalistas sobre os acórdãos polémicos e os programas de televisão que estão a dar que falar sobre a imagem que é transmitida da mulher.
A viúva de José Saramago diz que é com ceticismo e preocupação que observa o que classifica de violência machista.
“Não toleramos jamais aquilo que em Portugal inapropriadamente chamamos de violência doméstica, não é violência doméstica, não é só em casa, é violência machista, que se reproduz, nos trabalhos, na rua”, acrescentando, contudo, “que não é só em Portugal, mas em todo o mundo”.
Referindo-se aos acórdãos polémicos proferidos pelo juiz Neto de Moura, Pilar é perentória: “acho inadmissível, decisões judiciais insultantes para com qualquer inteligência”, reforçou, afirmando ainda que “uma pessoa que produz uma sentença com critérios excludentes, não pode fazer justiça, nem em assuntos de mulheres, nem em assunto nenhum”.
Sobre os programas de televisão que ditam a agenda mediática por uma possível deturpação da imagem da mulher, Pilar del Rio, lamenta terem audiências. “Os programas de televisão que entretêm desde o lodaçal à insignificância, são programas insignificantes e gostava muito que não tivessem audiências”, conclui.
Pilar del Rio participou no encontro literário “DE LITTERIS 2019”, que decorreu na Escola Profissional da Guarda (Ensiguarda).
Além da Sala José Saramago, foi também inaugurada a Sala de Leitura Carlos Reis, ensaísta e professor do professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, também ele palestrante da iniciativa.