Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Estudo português conclui: Algas podem gerar poderosos antibióticos e combater cancro

09 abr, 2019 - 07:24 • Lusa

Investigação incidiu numa espécie de alga comum na costa portuguesa, a Laminaria ochroleuca - é castanha e de grandes dimensões.

A+ / A-

Algas comuns podem ser resultar em medicamentos anticancerígenos e antibióticos capazes de combater infeções resistentes, segundo um estudo feito em Portugal e publicado na revista científica “Fronteiras em Microbiologia”.

Inédito e promissor, como explicou a principal autora do estudo, Maria de Fátima Carvalho, o trabalho permitiu ainda descobrir dois compostos produzidos por bactérias que não são conhecidos e que podem mesmo ser moléculas novas.

A investigação incidiu numa espécie de alga comum na costa portuguesa, a 'Laminaria ochroleuca' (algas castanhas de grandes dimensões), e num tipo de bactéria específico, a actinobactéria. "Focámo-nos na comunidade de bactérias ligadas a estas algas, as actinobactérias, que estão muito ligadas à produção de compostos conhecidos para antibióticos", explicou a investigadora, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que funciona em Matosinhos.

A responsável contou que o objetivo foi perceber como é que aquelas bactérias podiam estar ligadas a essa alga castanha comum na costa portuguesa e depois o seu potencial. Um trabalho que nunca tinha sido feito.

E os resultados, disse, foi que de facto foram identificados compostos produzidos pelas actinobactérias com essas qualidades, com potencial antimicrobiano e anticancerígeno.

Novos medicamentos

Basicamente, os compostos que as bactérias produzem para se defenderem no meio onde vivem podem ajudar a combater infeções no ser humano. O trabalho científico levou a perceber que também eram capazes de inibir linhas celulares cancerígenas, explicou Maria de Fátima Carvalho.

O estudo "leva-nos a crer que outras espécies de algas podem ser uma fonte valiosa" para medicamentos no futuro, disse.

"Não estou a dizer que obtivemos um composto, obtivemos indicações de que haverá compostos que podem ser uma solução para problemas como infeções resistentes, como infeções hospitalares, ou alguns tipos de cancro".

E para já, nas palavras da investigadora, as algas são uma matéria prima que "vale a pena explorar", pelos "resultados promissores".

Os compostos defensivos produzidos pelos micróbios são desde há muito uma importante fonte de antibióticos e outros medicamentos. E a Laminária é uma rica fonte de bactérias podendo potenciar novos medicamentos.

Citada pela revista Fronteiras em Microbiologia, Maria de Fátima Carvalho disse que as actinobactérias marinhas são relativamente pouco exploradas e que podem ser uma fonte muito rica de moléculas microbianas bioativas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Henrik
    09 abr, 2019 Lx 11:53
    em rigor...a revista chama-se: Frontiers in Microbiology, O artigo está em: https://doi.org/10.3389/fmicb.2019.00683 Parabéns à equipa de investigação.

Destaques V+