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Crise nos combustíveis

Greve traz à memória bloqueios de camionistas que pararam o país

16 abr, 2019 - 21:36 • Redação com Lusa

Em junho de 2008, as principais estradas portuguesas ficaram bloqueadas por centenas de pesados de mercadorias. Faltou quase tudo, dos postos de abastecimento de combustível às prateleiras dos supermercados

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A greve dos motoristas de matérias perigosas, que começou na segunda-feira e que já levou o Governo a declarar “situação de alerta”, traz à memória anteriores bloqueios dos camionistas, designadamente o do 2008, que parou o país.

Entre 9 e 11 de junho de 2008, as principais estradas portuguesas ficaram bloqueadas por centenas de pesados de mercadorias, uns em piquetes de greve e outros impedidos de circular pelos colegas camionistas, que protestavam contra a escalada do preço dos combustíveis, numa ação que levou o então primeiro-ministro, José Sócrates, a sentir o "Estado vulnerável”.

Durante o protesto, centenas de pesados de mercadorias bloquearam as vias, deixando os supermercados com as prateleiras vazias e os postos de abastecimento de combustível ‘secos’.

Os bombeiros limitaram as saídas às emergências, as autoridades foram chamadas a fazer proteção a caravanas de combustíveis de emergência, camiões foram apedrejados e incendiados um pouco por todo o país e morreu um camionista em Alcanena.

O protesto terminou com um acordo entre os grevistas, representados pela então embrionária Associação Nacional de Transportadoras Portuguesas (ANTP) e pela Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), e o Governo, que incluía um pacote de 16 medidas destinadas a aliviar as consequências do aumento do preço dos combustíveis.

Menos de três anos depois, em 2011, e após muitas ameaças, os transportadores rodoviários voltam a parar. A contestação sai às ruas durante dois dias, entre 13 e 15 de março, e os camionistas voltam a mostrar que têm força para parar o país.

Tendo ainda presente os efeitos do bloqueio anterior, o Governo é mais rápido a agir e, à semelhança de 2008, o protesto termina com a assinatura de um acordo com muitas medidas de apoio ao setor que já constavam no memorando assinado em 2008, mas que não tinham sido concretizadas, como a introdução de descontos no pagamento de portagens nas ex-SCUT.

Desta vez, não é o preço dos combustíveis que está na origem da greve nacional dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira e que foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica, tendo sido impugnados os serviços mínimos definidos pelo Governo.

O Governo já avançou com uma requisição civil, argumentando que “a greve em curso afeta o abastecimento de combustíveis aos aeroportos, bombeiros e portos, bem como o abastecimento de combustíveis às empresas de transportes públicos e aos postos de abastecimento da Grande Lisboa e do Grande Porto”.

Após a requisição civil, os militares da GNR mantiveram-se de prevenção em vários pontos do país para que os camiões com combustível pudessem abastecer e sair dos parques sem afetarem a circulação rodoviária.

Gerou-se hoje a corrida aos postos de abastecimento de combustíveis provocando congestionamento nas vias de trânsito.

A greve deixou o aeroporto de Faro sem ser abastecido desde segunda-feira e o de Lisboa desde hoje, com a ANA – Aeroportos de Portugal a admitir "disrupções operacionais".

Os ministros da Administração Interna e do Ambiente e da Transição Energética já declararam a “situação de alerta” devido à greve, implementando medidas excecionais para garantir os abastecimentos.

Esta situação de alerta para o período compreendido entre hoje e até às 23h59 do dia 21 de abril, segundo uma nota do Governo enviada à Lusa, determina a “elevação do grau de prontidão e resposta operacional por parte das forças e serviços de segurança e de todos os agentes de proteção civil, com reforço de meios para operações de patrulhamento e escolta que permitam garantir a concretização das operações de abastecimento de combustíveis, bem como a respetiva segurança de pessoas e bens”.

A nota refere que o Governo também determina a “declaração de reconhecimento de crise energética, que acautele de imediato níveis mínimos nos postos de abastecimento, de forma a garantir o abastecimento de serviços essenciais, designadamente para forças e serviços de segurança, assim como emergência médica, proteção e socorro”.

Uma reunião entre o ministro das Infraestruturas e da Habitação, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) estava prevista para as 21h00.

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Comentários
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  • Ze
    17 abr, 2019 Lisboa 14:36
    As greves de 2008 e 2011 foram feitas pelos patrões por causa dos preços dos combustíveis!
  • Petervlg
    17 abr, 2019 Trofa 12:38
    Estes grevistas dizem defensores da liberdade, mas se existir camionistas que não façam greve , ai já não existe liberdade, são traidores, e tratam mal esse camionistas.
  • Bertelindo
    17 abr, 2019 lisboa 09:09
    Esta greve é a pedra no charco marxista q vai provocar demissão do governo ,já q o desgaste e perda de votos está a ser catastrófica.Aconteceu com Sócrates em 2008 e 2011 que ajoelhou e perdeu maioria,No presente caso com eleições em Outubro legislativas arrisca-se a perder de modo trágico eleições.Nao se vê nesta greve representantes dos ditos defensores dos trabalhadores,BE,PCP e PS ,porque será???????????????

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