24 mai, 2019 - 09:49
Os mestres das embarcações da Soflusa, que faz a travessia do Tejo entre o Barreiro e Lisboa, marcaram um novo período de greve para a semana.
“O grupo dos mestres decidiu um novo período de paralisações entre 3 a 7 do mês que vem”, afirma à Renascença Carlos Costa, do Sindicato de Trabalhadores Fluviais.
Os trabalhadores queixam-se de a empresa não dar resposta às suas pretensões há mais de um ano.
Pedro Mateus, um dos mestres da Soflusa, diz, em declarações à SIC, diz que, neste momento, “compete à empresa fazer uma proposta aos mestres no sentido da valorização profissional desta categoria e ainda não o fez”.
“Uma das nossas reivindicações é o trabalho extraordinário, que tem sido excessivo. No ano passado, os mestres fizeram quatro mil horas extraordinárias e queremos é novos colegas. Outra reivindicação é a valorização da nossa categoria profissional”, esclarece ainda.
Pedro Mateus diz que a adesão à greve que termina nesta sexta-feira é total, porque “os mestres andam exaustos” e o excesso de horas “põe em causa a saúde dos trabalhadores, tanto fisicamente como psicologicamente”.
“Os mestres estão todos unidos nesta luta. Lamentamos a situação que estamos a causar aos passageiros, mas não há outra forma de fazermos esta reivindicação porque há ano e meio que a empresa não nos dá uma resposta”, refere por fim.
Porque é que são necessárias horas extraordinárias? Governo responde
O secretário de Estado da Mobilidade diz que, numa “empresa de transportes, como é o caso da Soflusa, é normal” haver horas extraordinárias.
“Por uma razão muito simples: porque as escalas não encaixam, porque há faltas, porque há períodos de férias, há uma série de flutuações naquilo que é necessário fazer”, indica José Mendes à Renascença.
“Sempre foi feito, elas são devidamente remuneradas e os mestres recebem, além dessas horas – como é evidente e de direito – o subsídio de turno”, sublinha ainda.
José Mendes admite que há falta de trabalhadores na Soflusa, até porque há “quatro mestres de baixa prolongada”, e por isso mesmo já foi dada autorização para contratar mais gente.
“Está já na empresa uma autorização para a contratação de mais até seis trabalhadores marítimos, que se somam a quatro que foram autorizados no início do ano, o que dá dez e que é mais do que suficiente para colmatar aquilo que são as necessidades”, indica.
O secretário de Estado confirma que “durante o ano de 2018, foram realizadas, por parte dos mestres, 4.079 horas extraordinárias”, mas sublinha que “isso corresponde a cerca de 2,2 pessoas”.
“Portanto, a questão está devidamente acompanhada e há condições para que tudo possa regressar à normalidade”, conclui.
A greve de dois dias marcada para esta semana e que termina nesta sexta-feira é de três horas por turno, mas está a decorrer também uma paralisação às horas extraordinárias que se deve prolongar até ao final do ano.