03 jun, 2019 - 18:33
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Foram conhecidas este segunda-feira as medidas de coação dos arguidos na Operação Teia. O presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, fica em liberdade com caução de 40 mil euros.
A empresária Manuela Couto, mulher do autarca de Santo Tirso, vai aguardar o desenrolar do processo em prisão domiciliária.
A mesma medida de coação foi aplicada ao presidente da Câmara de Barcelos, Manuel Costa Gomes.
No sábado, o presidente do conselho de administração do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, também envolvido nesta operação, saiu em liberdade depois de ser ouvido no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, com uma caução de 20 mil euros.
Este domingo, Joaquim Couto renunciou ao mandato de presidente da Câmara de Santo Tirso e às posições que ocupava no Partido Socialista. Já Manuel Costa Gomes nega envolvimento em qualquer crime e recusa demitir-se. O autarca de Barcelos disse mesmo que, caso lhe fosse decretada prisão domiciliária, não sairia da presidência da Câmara.
A investigação da Operação Teia centra-se nas autarquias de Santo Tirso e Barcelos, bem como no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e investiga suspeitas de corrupção, tráfico de influência e participação económica em negócio, traduzidas na "viciação fraudulenta de procedimentos concursais e de ajuste direto", segundo comunicado da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, o órgão de polícia criminal que apoia o Ministério Público neste caso.
Na origem do caso estiveram 13 contratos, no valor de 352 mil euros, que o IPO do Porto celebrou no espaço de um ano com a Mediana, antiga empresa de Manuela Couto.
Joaquim Couto renunciou para não interferir na investigação
Em declarações aos jornalistas à saída do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto, Joaquim Couto disse que a sua renúncia ao cargo de presidente da Câmara de Santo Tirso e demais cargos públicos e políticos foi para afastar suspeitas de interposição da sua parte na investigação da Operação "Teia".
O ex-autarca tirsense afirmou não ter cometido "nenhuma irregularidade que mereça reprovação".
Acusado de ser o "cérebro" da trama que deu nome à operação e na qual é suspeito de, a expensas da autarquia, ter viajado para diversos países com a família, Joaquim Couto expressou o desejo de que o tempo lhe "dê razão".
"Renunciei ao mandato na câmara, e a todos os cargos políticos, porque entendi que estávamos numa situação em que estava em causa a política e a atividade partidária, para que a justiça possa investigar e para que não haja nenhuma suspeita de interposição da minha parte nessa investigação, para que seja tudo claro e transparente", afirmou na curta declaração aos jornalistas.
O advogado do casal Couto, Nuno Brandão, disse à Lusa, sobre a prisão domiciliária aplicada a Manuela Couto, que ambos estão "indiciados de crimes de corrupção, relacionados com a Câmara de Barcelos e com o IPO", situação para a qual, disse, "parece não haver motivos".
"Quando tivermos oportunidade de fazer uma defesa cabal tudo isto vai cair, porque não tem a mínima consistência", argumentou o causídico.
[notícia atualizada às 23h28]