11 jun, 2019 - 07:00 • Ana Carrilho
Os mestres da Soflusa não admitem que os maquinistas da empresa fluvial também tenham as condições salariais melhoradas. A haver equiparação, deve ser só para os marinheiros.
A posição é assumida numa carta a que a Renascença teve acesso, enviada no fim da semana passado pelo Sindicato dos Fluviais e Costeiros ao secretário de Estado adjunto e da Mobilidade, José Mendes.
Em nome da Comissão de Mestres, o presidente do Sindicato Carlos Costa, relembra ao governante “os termos do recente acordo entre as partes, que levou ao levantamento de todas as greves marcadas, mediante o aumento do Prémio de Chefia de 60 euros (com a pretensão inicial de 200), passando a ser de 109,44 euros”.
A carta refere que há outras estruturas sindicais da Soflusa que “estão a preparar-se para iniciar formas de pressão para exigir a equiparação do acordo” feito com os mestres. Sublinha que os mestres estão a cumprir a sua parte desde a desmarcação das greves, para não haver supressões de carreiras.
E fica muito claro que os mestres admitem alguma equiparação para outros trabalhadores, principalmente marinheiros, mas nunca para os maquinistas: “Estamos convictos que o Governo e a empresa também vão cumprir a sua parte no acordo, mantendo a diferença de 109,44 euros em relação aos maquinistas”.
A carta a que a Renascença teve acesso lembra que os mestres são o garante de toda a função de comando, garante que farão tudo para continuar a cumprir mas espera o mesmo do Governo e empresa, “para evitar transtornos e confrontos futuros”.
A terminar, deixa o aviso de que os mestres e o sindicato vão ficar particularmente atentos ao desenrolar da situação.
José Mendes tenta travar nova greve e reúne com sindicatos
Depois do acordo exclusivo com os mestres, os outros trabalhadores da Soflusa sentiram-se marginalizados e insatisfeitos. A FECTRANS – em que o Sindicato dos Fluviais e Costeiros também é filiado – deixou claro que era necessário fazer a equiparação, já que a Soflusa precisa de todos os trabalhadores. Por outro lado - e também em defesa da harmonia salarial - o SITEMAQ entregou um pré-aviso de greve, primeiro para dia 13 e entretanto, adiado para dia 18 na sequência do agendamento da reunião com o Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade.
José Mendes marcou reunião com os sindicatos representantes dos trabalhadores da Soflusa (exceto mestres) para esta manhã no Ministério do Ambiente. O objetivo é iniciar o processo de revisão salarial para 2020.
Reunião que, segundo a Renascença apurou, os mestres pretendem travar. Por isso, também deverão aparecer na R. do Século. Assim como alguns maquinistas e os elementos da Comissão de trabalhadores.