12 jun, 2019 - 10:04 • Redação com Lusa
Cerca de 200 inspetores da PJ estão envolvidos numa megaoperação em 18 câmaras municipais e empresas privadas.
A Operação “Rota Final” está relacionada com corrupção em autarquias e empresas de transportes. Para já, ainda não foram constituídos arguidos, mas a Renascença apurou que o Ministério Público tem dois alvos principais: o grupo Transdev e Álvaro Amaro, o ex-autarca da Guarda recentemente eleito pelo PSD para o Parlamento Europeu, que é suspeito de ser a figura central na ligação entre as várias partes sob investigação.
Segundo a nota enviada à redação, “mediante atuação concertada de quadros dirigentes de empresa de transporte público, de grande implementação em território nacional com intervenção de ex-autarcas a título de consultores, beneficiando dos conhecimentos destes, terão sido influenciadas decisões a nível autárquico com favorecimento na celebração de contratos públicos de prestação de serviços de transporte, excluindo-se das regras de concorrência, atribuição de compensação financeira indevida e prejuízo para o erário público. Também no recrutamento de funcionários se terão verificado situações de favorecimento”.
Águeda, Almeida, Armamar, Belmonte, Barcelos, Braga, Cinfães, Fundão, Guarda, Lamego, Moimenta da Beira, Oleiros, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Sertã, Soure, Pinhel e Tarouca foram as autarquias visadas por esta operação.
Uma das autarquias visadas é a da Guarda. A Renascença contactou o antigo autarca que se encontra no estrangeiro. Álvaro Amaro disse ter conhecimento das buscas, mas não quis comentar.
Amaro interrompeu o mandato em abril por fazer parte da lista social-democrata ao Parlamento Europeu. Atualmente faz parte do Conselho Estratégico do PSD, escolhido por Rui Rio para coordenar a área para a Reforma do Estado, Autonomias e Descentralização.
A autarquia de Lamego não comenta a notícia e refere que não tem mais nada a acrescentar ao comunicado da PJ.
O presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes, que está em prisão domiciliária no âmbito da “Operação Teia”, entregou o pedido de substituição temporária.
Empresa Transdev visada na operação
A operadora de transportes públicos Transdev é uma das visadas nas buscas realizadas, disse fonte policial à Lusa. "Para já, não há nenhum detido", acrescentou.
Ainda de acordo com a fonte, cerca das 11h00 a operação ainda decorria, com buscas, recolha de documentação "e outros elementos de prova".
As buscas mobilizaram meios da Diretoria do Norte da PJ, com o apoio de vários departamentos de investigação criminal e da Diretoria do Centro, no âmbito de um inquérito titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra.
Na operação realizaram-se 50 buscas, domiciliárias e não domiciliárias que envolveram diferentes elementos da Judiciária: inspetores, peritos informáticos, peritos financeiros e contabilísticos.
A mesma nota refere que a investigação prossegue “para determinação de todas as condutas criminosas, seu alcance e respetivos agentes”.