12 jun, 2019 - 15:40 • Celso Paiva Sol , Joana Azevedo Viana
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Álvaro Amaro, dirigente social-democrata que foi autarca da Guarda entre 2013 e 2019, é um dos dois alvos principais do Ministério Público no âmbito da "Operação Rota Final".
A investigação ao alegado esquema fraudulento de viciação de contratos públicos, que envolve 18 autarquias e empresas do grupo Transdev, foi desencadeada esta manhã pela Polícia Judiciária em 50 locais distintos do Norte e Centro do País.
Para já ainda não foram constituídos arguidos, mas a Renascença apurou que o Ministério Público tem dois alvos na sua mira: o grupo francês de transportes públicos que opera em todo o país e Álvaro Amaro.
Confrontado com as notícias das buscas esta manhã, o ex-autarca da Guarda disse não ter conhecimento do que se passava, recusando-se a comentar o caso. De acordo com informações entretanto apuradas pela Renascença, é tido pelo Ministério Público como a "figura central na ligação entre as várias partes" sob investigação na "Rota Final".
Amaro interrompeu o seu mandato enquanto presidente da Câmara da Guarda em abril deste ano, após ter sido convidado a integrar a lista social-democrata ao Parlamento Europeu - acabando por ser eleito eurodeputado na ida às urnas a 26 de maio.
Atualmente, e a par do cargo que está prestes a ocupar em Bruxelas, faz parte do Conselho Estratégico do PSD, tendo sido escolhido por Rui Rio para coordenar a área para a Reforma do Estado, Autonomias e Descentralização. É considerado um dos mais influentes apoiantes de Rio no aparelho do partido.
Histórico dirigente do PSD, Álvaro Amaro foi também presidente da Câmara de Gouveia e secretário de Estado nos Governos de Cavaco Silva.
Numa entrevista recente concedida ao jornal "Público", o social-democrata dizia ser "um homem de contas em dia" que não queria abandonar a Câmara da Guarda "sem prestar contas à cidade" que o elegeu.
A "Operação Rota Final" está a ser levada a cabo por inspetores da Diretoria do Norte com o apoio de vários departamentos de Investigação Criminal e da Diretoria do Centro. Em causa estão crimes de corrupção, tráfico de influências, participação económica em negócio, prevaricação e abuso de poder que terão sido praticados nestas autarquias.
Num comunicado enviado às redações, a PJ explica que, "mediante atuação concertada de quadros dirigentes de empresa de transporte público [Transdev], de grande implementação em território nacional com intervenção de ex-autarcas a título de consultores, beneficiando dos conhecimentos destes, terão sido influenciadas decisões a nível autárquico com favorecimento na celebração de contratos públicos de prestação de serviços de transporte, excluindo-se das regras de concorrência, atribuição de compensação financeira indevida e prejuízo para o erário público".
Foram ainda verificadas "situações de favorecimento no recrutamento de funcionários", acrescenta a Judiciária.