13 jun, 2019 - 09:00 • Fátima Casanova , Miguel Coelho , Carla Caixinha
Ainda há 3.739 edifícios públicos com amianto. Segundo o Ministério do Ambiente ao longo deste ano está programada a remoção desta substância, considerada cancerígena, em 416 espaços.
Quanto às escolas, esta legislatura sinalizou 192 com amianto para serem intervencionadas no âmbito do Portugal 2020. Segundo apurou a Renascença junto do Ministério da Educação, 150 desses estabelecimentos e ensino já beneficiaram de obras.
Até 2022 estão programadas intervenções em 1.600 edifícios. Segundo a resolução do Conselho de Ministros 98/2017, estima-se em 370 milhões de euros o custo da remoção de amianto destes edifícios.
Mas são números que para a Plataforma SOS Amianto ficam muito aquém da realidade. “Na realidade deveríamos corrigir esta listagem oficial. Porque isto é o número de escolas que o ministério diz ter fibrocimento, ou seja, amianto apenas nas coberturas, mas numa escola o amianto poderá estar noutros materiais: desde pavimentos, tetos falsos ao revestimento das janelas. Quem não conhece os materiais tem muita dificuldade em identificar”, explica Carmen Lima.
“Este é um problema que parece não ter fim, pelo menos, da forma como nós o estamos a tratar em Portugal”, sublinha a responsável da Quercus, recordando que apenas foi feita uma sinalização dos edifícios que suspeitavam ter amianto, mas a maior parte das pessoas que fez esse diagnóstico não tem a mínima ideia do que é a substância.
“É impossível numa formação de dois dias as pessoas estarem aptas para identificar amianto. Por isso é que o diagnóstico, do nosso ponto de vista, não está completo”, remata.
“Aquilo que nós temos verificado em Portugal é que há um grande desconhecimento sobre o assunto por parte de quem está a governar e há uma falta de prioridade. Há pessoas que morrem por exposição ao amianto e isto nunca é tornado um assunto prioritário”, alerta Carmen Lima da Plataforma SOS Amianto.
A mesma responsável lembra ainda que anualmente surgem cerca de 40 casos de cancro relacionados com o amianto.
O amianto era utilizado na construção há alguns anos. É uma fibra natural mineral que foi muito usada em edifícios (como em tetos falsos, revestimentos ou isolamentos) e maquinarias entre os anos 50 e 90 do século passado.
A inalação de partículas de amianto está associada ao risco de contrair doenças como o cancro.