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​Bivalves contaminados ameaçam saúde pública. GNR apreende cerca de 55 toneladas

19 jun, 2019 - 12:02 • Beatriz Lopes com Cristina Nascimento

GNR diz que infrações estão a aumentar e alerta para a existência de muitos consumidores enganados.

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Desde o início deste ano, de janeiro a maio, a GNR já apreendeu cerca de 55 toneladas de bivalves e identificou o triplo de infratores, passando de 99 para 308. A informação é avançada à Renascença pela Unidade de Controlo Costeiro de Lisboa.

“Muitas vezes as pessoas pensam que estão a consumir bivalves que já foram sujeitos a algum tipo de controlo e o mesmo não aconteceu”, adverte a tenente Cátia Tomás, da GNR.

De acordo com a GNR, as apreensões são feitas porque muitas vezes os bivalves são apanhados em zonas interditas e a documentação de origem é falsificada. Já no Estuário do Tejo, por exemplo, a apanha de bivalves não está proibida, mas as regras continuam a não ser respeitadas numa zona onde as espécies de bivalves estão contaminadas com toxinas.

“A maior parte do Estuário do Tejo está classificada pelo Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) como classe sanitária C, o que significa que os bivalves só podem ser utilizados para transformação em unidade industrial, ou seja, têm de ser sujeitos a altas temperaturas, o que normalmente não se verifica”, refere.

Ouvido pela Renascença, o presidente da Associação Portuguesa De Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira, considera que os bivalves contaminados são uma ameaça para a saúde pública.

“O que nos preocupa em relação a esta intoxicação é a dificuldade de as pessoas se aperceberem que os bivalves - como o mexilhão ou a ameijoas - estão contaminados. Não há nenhuma alteração de cor, não há alteração de cheiro, não há alteração de gosto, não se sente nada”, diz.

Rui Nogueira adverte ainda para a necessidade de não desvalorizar os primeiros sintomas.

“Pode começar por náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal, uma intoxicação alimentar vulgar, mas pode evoluir de uma forma muito mais rápida e estas manifestações podem ser muito rápidas após a ingestão. Mas também podem ser alterações neurológicas e daí evoluir rapidamente para coma e morte”, descreve, acrescentando que “não são intoxicações fáceis”, nem “para levar com leviandade”.

No site do IPMA podem ser consultadas as zonas do país onde existem restrições para a apanha de bivalves. Neste momento, a apanha está interdita na costa algarvia em duas zonas: entre Lagos e Olhão e entre Aljezur e São Vicente.

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