29 jun, 2019 - 00:03
Um dos advogados dos últimos nove moradores do prédio Coutinho, em Viana do Castelo, diz ter sido “aberta a porta do diálogo” com a VianaPolis, mas admitiu não existir nenhum acordo para a saída das pessoas.
Francisco Velloso Ferreira, que integra a sociedade de advogados que representa os moradores, falava aos jornalistas em frente ao edifício Jardim, conhecido como prédio Coutinho, no final de mais de três horas de reuniões com os nove moradores, que ocupam seis frações distribuídas pelos dois blocos do imóvel.
“Registámos como positivo ter sido aberta a porta do diálogo. Neste momento existe um diálogo, não sabemos no que vai dar, mas é um diálogo e esperamos que seja positivo”, afirmou Francisco Velloso Ferreira, que prestava declarações ladeado por Magalhães Sant’Ana, outro dos advogados que tem acompanhado os moradores desde o início da ação de despejado, iniciada na segunda-feira.
Segundo o advogado, este diálogo “poderá permitir uma solução”.
Questionado se o valor das indemnizações será a solução para um acordo, o causídico assegurou “não ser esse o ponto central”.
“É evidente que é um aspeto, mas não é, de todo, o aspeto central. As pessoas entendem que têm de aqui continuar e pretendem lutar por isso”, defendeu.
Durante a tarde, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa (PS), deslocou-se ao edifício, o que aconteceu pela primeira vez em vários anos, para reunir com os nove moradores na tentativa de alcançar um acordo, tendo mesmo afirmado aos jornalistas existir “um princípio de acordo” com um casal.
Confrontado com esse facto, Velloso Ferreira afirmou não existir qualquer princípio de acordo.
O advogado referiu como aspeto positivo a autorização da VianaPolis para que os advogados pudessem entrar no edifício, após uma reunião realizada com aquela sociedade, e adiantou que, nos próximos dias, espera que esses contactos continuem a ser possíveis.
Velloso Ferreira manifestou-se ainda muito preocupado “com o estado de sequestro em que se encontram as nove pessoas”, sem água, luz, gás e comida, escusando-se a “acreditar” que a VianaPolis venha a recorrer ao uso da força para retirar os moradores que se recusam a sair, garantindo que este assunto nunca foi abordado com a sociedade.