01 jul, 2019 - 13:27 • Liliana Carona , Marta Grosso
Há interesses empresariais em torno dos incêndios rurais e “o Estado precisa de ir buscar meios aéreos ao setor privado”, afirma o ministro da Defesa nesta segunda-feira.
“É evidente que há interesses empresariais muito significativos em torno dos incêndios rurais. Aquilo que verificamos ano após ano após ano é que há uma enorme disfuncionalidade e os interesses públicos são muito difíceis de assegurar”, reconhece João Gomes Cravinho.
Nas comemorações do Dia da Força Aérea, em Viseu, o ministro avançou que o Governo está a trabalhar “em dois caminhos paralelos: por um lado, assegurar as necessidades para 2019 e, por outro, criar circunstâncias para que, no futuro, o Estado tenha capacidade própria para combater os incêndios rurais”.
Há, portanto, no seu entender, um trabalho para “uma mudança de paradigma”, que vai demorar “vários anos”. Enquanto isso, “estamos a criar condições, utilizando todos os meios ao dispor do Estado para que os interesses públicos sejam assegurados”, garantiu.
Meios aéreos: “Quando for necessário, lá estarão”
O ministro da Defesa garante que, quando os meios aéreos forem necessários, estarão prontos a avançar.
“Podem ter a certeza que os meios aéreos necessários estarão lá, à disposição dos portugueses para o combate aos incêndios quando forem necessários”, afirmou aos jornalistas.
“Neste momento, felizmente, não tem sido necessária a plenitude dos 60 meios inicialmente previstos para esta fase, mas quando for necessário com certeza que os meios lá estarão”, reforçou.
Na opinião de João Gomes Cravinho, “a mudança de paradigma passa, sobretudo, pela aquisição de meios próprios, porque senão todos os anos teremos a mesma situação, em que se utilizam subterfúgios permitidos pela lei para adiar a colocação ao dispor dos meios aéreos e não podemos estar nessa contingência”.
“Não podemos estar numa situação em que não controlamos os ‘timings’ dos tribunais, não sabemos que recursos vão, de forma mais lícita ou menos lícita, ser interpostos por empresas e, portanto, vamos constituir capacidade própria do Estado para defender os portugueses, porque é disso que estamos a falar”, insistiu ainda.
Centro de Treino deverá mesmo ir para Sintra
Quanto à candidatura de Portugal ao Centro de Treino de Helicópteros da Agência Europeia de Defesa, João Gomes Cravinho mostra-se muito otimista.
“Creio que dentro de relativamente pouco tempo vamos poder anunciar a vinda para Portugal do Centro de Formação para Helicópteros”, afirmou aos jornalistas.
“A nossa candidatura está muito bem encaminhada”, acrescentou, revelando que a Alemanha também se candidatou, mas “vamos chegar a um entendimento muito favorável para Portugal”.
“Terei aqui em Portugal, no dia 16, salvo erro, o presidente da Agência Europeia de Defesa para consolidar” a candidatura de Portugal.
João Gomes Cravinho preside nesta segunda-feira às comemorações do Dia da Força Aérea, que se assinala no dia em que fundiram, no ano de 1952, as aviações do Exército (Aeronáutica Militar) e da Marinha (Aviação Naval), formando o ramo independente denominado Força Aérea Portuguesa.