05 jul, 2019 - 11:00
É preciso que o Governo olhe para uma estrada que, desde 1997, ano da criação da Associação de Utentes e Sobreviventes do IP3, regista mais de duas centenas de mortes.
O apelo é de Avelino Mesquita, 60 anos. “Recentemente, um professor e o seu filho, jovem, perderam aqui a vida”, diz, visivelmente perturbado, Avelino, um dos dez associados da comissão de utentes.
“Temos a estatística, tal como os bombeiros, de mais de duas centenas de pessoas que aqui perderam a vida, pelo menos, desde 1997. É triste, porque os traçados e as obras, quando são feitas a partir de Lisboa, sem vir ao terreno, é sempre complicado que dê bom resultado”, lamenta uma das vozes de uma associação que já perdeu a conta ao número de petições pela requalificação do IP3.
Avelino Mesquita também ele ficou ferido com gravidade, na coluna, devido a um acidente na estrada. “Eu estava com o pisca ligado para entrar para a povoação do Cunhedo e há uma pessoa que não se apercebeu da minha presença e me bateu com o carro, causando-me um ferimento na coluna, que ainda hoje me causa problemas”, recorda, sobre o acidente ocorrido na década de 90.
Agora, Avelino está ansioso por revelar aquilo que diz ser "notícia em primeira mão".
“A Estradas de Portugal contou-nos que o Tribunal de Contas já deu o parecer favorável ao projeto da segunda fase de requalificação das obras de três milhões de euros, entre Trouxemil e Penacova, entre a Lagoa Azul e Viseu, numa segunda fase, mas, o que a gente quer é que arranque a primeira fase, entre os nós de Penacova e Lagoa Azul, junto à ponte da Foz do Dão”, explica à Renascença, sublinhando que “já há dinheiro para a segunda fase, mas queríamos que arrancasse a primeira, já vemos o estaleiro e os topógrafos, mas queríamos era que a obra arrancasse rapidamente”.
Avelino Mesquita lutou pela colocação de separadores centrais no IP3, mas ainda há muitos pontos negros. “Conseguimos os separadores centrais na zona de Penacova, o que diminuiu os acidentes graves, mas, nas zonas de Almaça, Santa Comba e Tondela, são precisos separadores centrais, porque continuam a ocorrer acidentes com mortes”, conta.
Enquanto as melhorias e as obras não estiverem concluídas, Avelino Mesquita deixa um último alerta: “Há condutores e condutores. Há uns com capacidade de entendimento da estrada que estão a seguir, outros não. Isto é uma ratoeira que está aqui.”
O Governo chegou a assumir que a obra estaria pronta em 2022, mas os autarcas garantem ter tido outra data muito mais distante por parte da Infraestruturas de Portugal. Esta sexta-feira, há mais uma reunião, desta vez, com o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos. Autarcas e os utentes esperam que se passe do papel à ação.
“As promessas, ao longo dos anos, não foram cumpridas. Esperamos que não seja mais uma promessa eleitoral.”