09 jul, 2019 - 23:09 • Redação, com Lusa
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, espera que as investigações ao caso das armas de Tancos estejam encerradas em setembro.
“Em relação ao caso de Tancos, tenho dito sempre o mesmo: é preciso investigar cabalmente, integralmente e o mais rápido possível. O facto de se anunciar ou de se ter dito que em setembro estariam encerradas estas investigações, vai de encontro a esta preocupação”, disse esta terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre a possível coincidência da conclusão das investigações com o período de campanha para as eleições legislativas de 6 de outubro, declarou: "As investigações decorrem, quanto mais rápido, melhor, e o facto de haver ou não coincidência com campanha eleitoral, isso decorre da natureza cronológica das coisas".
Em declarações aos jornalistas, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, o Presidente da República escusou-se a comentar a constituição de arguido do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes.
"Não comento processos judiciais concretos", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado se ficou surpreendido com a constituição como arguido do anterior ministro da Defesa, Marcelo Rebelo de Sousa retorquiu: "Isso já é comentar o processo, e eu não comento processos concretos".
Interrogado se admite que o processo chegue mais acima, o Presidente da República repetiu: "Não comento. O processo judicial está em curso, não comento".
Na quinta-feira, o anterior ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, foi constituído arguido no processo que investiga o furto de material militar dos paióis de Tancos, no distrito de Santarém, divulgado pelo Exército em junho de 2017, e a operação da Polícia Judiciária Militar de recuperação do material furtado, realizada sem o conhecimento da Polícia Judiciária, que era titular do processo.
Em comunicado enviado nesse dia, Azeredo Lopes considerou que a condição de arguido, apesar de garantir mais direitos processuais, é "absolutamente inexplicável", tendo em conta que o seu envolvimento no processo "foi apenas de tutela política".
O relatório da comissão parlamentar de inquérito sobre o caso de Tancos, aprovado em plenário no dia 3 de julho por PS, BE e PCP, com votos contra de PSD e CDS-PP, exclui qualquer responsabilização direta de Azeredo Lopes e do primeiro-ministro, António Costa.
Nas conclusões, sustenta-se que "não ficou provado" que tenha havido interferência política na ação do Exército ou na atividade da Polícia Judiciária Milita, mas considera-se que o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, "secundarizou" o conhecimento que teve de "alguns elementos" de um memorando sobre a recuperação do material furtado.