11 jul, 2019 - 16:07 • Redação
A Quercus afirma que existe uma “corrida ao Lítio” em Portugal. A organização ambiental analisou os 93 pedidos de atribuição e pesquisa dos depósitos minerais, efetuados entre janeiro de 2016 e junho de 2019, e revelou que 49,7% foram feitos no primeiro semestre de 2019. Ao todo, 10,1% do território nacional tem pedidos de exploração mineral.
A Fortescue Metals Group efetuou 22 pedidos de prospeção de lítio só nos primeiros seis meses do ano. A empresa australiana totaliza requerimentos de 6.929,168 quilómetros quadrados, o que equivale a 74,4% do total de área requerida nos três anos e meio analisados. Os pedidos de prospeção deste minério são normalmente acompanhados por outros metais como o ouro, a prata, o zinco e o cobre, explica a Quercus.
A organização ambiental adianta que os pedidos de prospeção e pesquisa correspondem a 17.797,92 quilómetros quadrados, o que equivale a 19,3% da área de Portugal Continental. O interior do país regista o maior número de pedidos.
Os principais focos de exploração de lítio em território nacional localizam-se em Covas do Barroso, Mangualde, Guarda, Barca d’Alva, Segura e na Serra de Arga. Guarda e Figueira do Castelo são os municípios que registam maior número de requerimentos para a exploração deste minério. Embora o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, tenha confirmado que a exploração de lítio só avançará depois de um estudo ambiental, já existem planos de exploração em Boticas.
Recentemente, grande parte da área da Serra de Arga saiu da lista de locais onde pode existir prospeção de lítio. Contudo, a região do Minho ainda está na lista da Fortscue. Na zona do “Cruto”, que abrange os concelhos de Vila Verde, Braga e Barcelos, vão ser iniciados estudos para averiguar a existência do minério.
Perante estes dados, a Quercus considera que “existe uma pressão para que estes projetos de mineração, sobretudo do lítio, avancem em todo o território nacional”. A organização relembra também os impactos no ambiente e nas populações. A exploração e extração de lítio acarreta problemas devido à toxicidade e ao perigo de contaminação de lençóis freáticos.
A Quercus criou em junho a plataforma "Alerta Lítio " para “parar com os projetos e propostas de exploração de lítio em Portugal". As populações das zonas com áreas de prospeção também já se têm manifestado contra a exploração deste minério.
Segundo dados do US Geological Survey, Portugal pode ter 60 mil toneladas do minério em reservas. Atualmente, não existe na Europa nenhum projeto para a extração, nem nenhuma refinaria para produzir carbonato ou hidróxido de lítio usado nas baterias.