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Três professores morreram enquanto trabalhavam. Fenprof exige investigação

16 jul, 2019 - 14:54 • Lusa

Mário Nogueira diz que "professores estão exaustos" e quer que o Ministério Público investigue se as mortes podem estar relacionadas com o grau de cansaço dos docentes.

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O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, disse esta terça-feira, no Porto, que vai solicitar ao Ministério Público (MP) que averigue as causas da morte de três professores enquanto trabalhavam, nos últimos meses.

"Quando as coincidências são muitas, podem de facto não ser coincidências, e nós temos de saber disso. Iremos pedir ao MP que averigue e tiraremos as conclusões. Há uma coisa que é verdade, os professores estão exaustos. Há um estudo que diz que mais de 70% dos professores apresentam níveis elevados de 'burnout'", sublinhou Mário Nogueira.

O dirigente da Fenprof, que falava numa conferência de imprensa destinada a fazer a avaliação do ano letivo, o balanço da legislatura e apresentar perspetivas para o futuro, referiu o caso de uma professora, de Manteigas, que "em plena sala de aula, fulminantemente, caiu para o lado".

"Pode ser coincidência ou não, mas essa professora era titular de todas as turmas do 7.º ao 12º anos de inglês, seis níveis diferentes de preparação de aulas diariamente", disse, apontando o caso de uma outra colega no Fundão.

Esta "estava a corrigir 60 provas aferidas, a lançar as notas dos seus alunos e a fazer vigilâncias de exames. Aparece morta em cima do teclado do computador em pleno lançamento das notas", disse.

Um terceiro caso ocorreu num agrupamento de Odivelas. "O professor enviou por email, cerca da 1h00, os dados pedidos pela escola. No outro dia não apareceu, a medicina legal concluiu que teria morrido por essa hora", acrescentou.

"Há uma coisa que é verdade, os professores estão exaustos e chegam ao final do ano, às vezes ao final do primeiro período, já completamente cansados, já muito desgastados", afirmou, citando o caso de uma escola do distrito de Braga que "a propósito da implementação do regime de educação inclusiva realizou 56 reuniões ao longo do ano".

Para Mário Nogueira, "isto é uma coisa absolutamente absurda. Os professores têm de estar disponíveis para os alunos, mas estão sobrecarregados com projetos, reuniões e outras tarefas que nada têm a ver com o trabalho com alunos".

"Os professores estão completamente massacrados com todo um trabalho burocrático. É uma coisa curiosa, num ano letivo em que há estudos que indicam que os professores estão numa situação de desgaste, de 'burnout' e de exaustão emocional como nunca, com 24% dos professores em situação grave de 'burnout' que estas mortes aconteçam", frisou.

"O mínimo que se deve fazer é perceber se é uma coincidência, iremos solicitar que se averigue através dos exames da medicina legal, tentar perceber se houve ou não sobrecarga destes colegas que literalmente morrem a trabalhar", frisou.

Mário Nogueira referiu ainda que "é bom que se perceba se tem a ver com o excesso de trabalho a que estavam sujeitas, é bom que se ponha cobro a isso. Podemos estar a chegar a situações limite".

Sobre o desempenho dos governantes em relação à educação, `a escola pública e aos professores e educadores, o dirigente da Fenprof fez uma avaliação negativa.

A Fenprof "avalia negativamente o resultado final de quatro anos de subfinanciamento da educação, assim como a ação do Ministério no que respeita à sua relação com os professores e educadores que fica marcada por desrespeito e abusos. Finalmente, por ausências repetidas e consequente falta de elementos de avaliação, o ministro da Educação chumba por faltas. É o que acontece a quem foge à escola para andar atrás da bola".

Mário Nogueira considerou ainda indispensável que os partidos clarifiquem, desde já, as suas posições para a próxima legislatura pelo que a Fenprof lhes enviará diversas perguntas cujas respostas serão divulgadas junto dos professores durante o mês de setembro.

A estrutura sindical irá também promover uma iniciativa a 2 de setembro em defesa do rejuvenescimento da profissão docente e lançará um abaixo-assinado a repor os principais objetivos de luta dos docentes para o ano letivo 2019/2020.

Para 5 de outubro está marcada uma manifestação nacional em Lisboa para assinalar o Dia Mundial do Professor.

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  • João
    18 jul, 2019 Lisnoa 08:03
    Este Sindicalista Mario Nogueira é um Arruaceiro que sempre se quer aproveitar da situação. Os Professores Portugueses são a classe mais bem paga em Portugal e que mais Férias tem, como podem estar cansados?😆😆😆😆😆😆😆
  • J M
    17 jul, 2019 Seixal 18:50
    Coitados dos professores, já morrem de exaustam com tanto trabalho. Até onde vai a hipocrisia e o cinismo deste sindicalista, que vai ao extremo de jogar com a morte, para ganhar protagonismo numa revindicação irrealista.
  • Maria dos Azeites
    16 jul, 2019 Altentejo 20:39
    Senhora Maria,5 horas por dia, onde leu isso? Tem um dia de folga? Não deve saber a quantidade de trabalho que os professores tem, pensa que só trabalham quando estão na escola? Tambem tem que corrigir fichas, dar notas, programar as aulas seguintes! Depois não vamos falar que muitos estão lonje de casa ou tem que percorrer sempre muitos kms todos os dias para o local de trabalho pois são lá colocadados. Se não sabe do que fala não venha para aqui com parvoices. BTW não sou professor.
  • maria
    16 jul, 2019 Setúbal 17:49
    vocês têm uma lata( professores) , se fossem a classe operaria mais exausta estava o resto feliz(natal, pascoa carnaval e ferias grandes) querem mais ferias? dão 5h de aulas por dia(os que dão) têm um dia de folga que exaustão se calhar deviam era de trabalhar mesmo para saberem o que é cansaço.agora então na fase final fazem jornadas nas reuniões para terem o resto da semana, depois hoje vais tu , amanha vou eu , é preciso ter lata. quantas pessoas de outras classes trabalhadoras não morreram também de cansaço, não somos é todos estado

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