20 jul, 2019 - 16:45 • Redação com Lusa
Quatro bombeiros ficaram feridos, um deles em estado grave, no combate aos incêndios que estão este sábado a lavrar no distrito de Castelo Branco, avançou a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
“Existem quatro bombeiros feridos. São situações de três feridos leves e de um ferido mais grave. Foram transportados à unidade hospitalar, estão em acompanhamento”, explicou o adjunto de operações nacional Alexandre Penha, na sede da ANEPC, em Carnaxide, durante um "briefing" com jornalistas para um ponto de situação dos incêndios rurais no país.
Os quatro bombeiros ficaram feridos no combate ao incêndio no concelho da Sertã, em Castelo Branco, distrito no qual também lavra outro incêndio no concelho de Vila de Rei.
No concelho da Sertã o incêndio lavra nas localidades de Rolã, de Vale da Cova e de São Paio, enquanto no concelho de Vila de Rei o fogo atinge a localidade de Fundada. O cenário atual já levou a ativar o Plano Municipal de Proteção Civil do concelho de Vila de Rei e será montado um posto de comando na Sertã, que irá fazer a gestão destes quatro incêndios.
“Estamos a falar de um prognóstico que é complexo. Estamos a falar de vários incêndios dentro da mesma região geográfica, incêndios que, além daquilo que são os efeitos meteorológicos que eram expectáveis, estão a criar os próprios efeitos meteorológicos, estão a integrar entre si", afirmou o adjunto do ANEPC. "Poder dizer que o combate está a evoluir facilmente, que há uma previsão de uma resolução, não é possível afirmar isso. É uma situação de prognóstico reservado. Vamos ver como vai evoluir durante e noite. É reservado ainda poder afirmar que vamos, ao princípio do dia, ter uma melhor situação do que aquela que temos presente”, acrescentou.
Segundo este responsável, parte da povoação de Cardiga, no concelho da Sertã, foi retirada das suas casas e procedeu-se à evacuação de mais algumas zonas isoladas. Alexandre Penha sublinhou que “não há registo de habitações em risco” e que todas as evacuações foram por “prevenção”.
Dois incêndios que atingem desde as 15h00 de hoje os concelhos de Vila de Rei e da Sertã estão a mobilizar 273 meios terrestres e 972 operacionais.
Autarca de Vila de Rei diz que fogo está "impossível" de parar
O vice-presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, distrito de Castelo Branco, diz que o incêndio que lavra no concelho estava impossível de parar ao final da tarde de hoje, tendo-se "desmultiplicado em várias frentes". "Parar o incêndio é de todo impossível nesta fase", disse Paulo César, em declarações às 19h45, cerca de cinco horas depois de as chamas terem eclodido na freguesia de Fundada, no norte do concelho, perto da fronteira com o município da Sertã.
Entretanto, uma frente do fogo que atinge Vila de Rei entrou "com bastante violência" em Mação cerca das 20h00, disse o responsável pela proteção civil deste último concelho. António Louro adiantou que se trata de uma frente de fogo com oito quilómetros, que entrou no concelho de Mação (distrito de Santarém) na zona de Azinhal, Cardigos e Vinha Velha.
Por seu lado, Paulo César explicou que o incêndio em Vila de Rei começou a poucos quilómetros de um outro (que se iniciou sensivelmente à mesma hora no concelho vizinho da Sertã) e começou por se dividir em duas frentes: uma em direção àquele município, levando ao corte da Estrada Nacional 2 e outra "que se desmultiplicou em várias frentes" em direção à freguesia da sede do concelho.
Segundo o autarca, as três freguesias que compõem o município de Vila de Rei, onde está o Centro Geodésico de Portugal Continental, já foram atingidas pelas chamas. "O incêndio já percorreu toda a freguesia da Fundada e chegou à de Vila de Rei, que é grande, mas também a São João do Peso", explicou.
Apesar de as chamas terem "passado" por várias aldeias, colocando-as "em perigo", Paulo César afirmou não ter notícia de feridos ou danos materiais. "O fogo já percorreu várias aldeias, houve projeções para o interior das aldeias, mas os bombeiros têm conseguido proteger as habitações. A nossa preocupação é salvaguardar os núcleos urbanos", assinalou.
Ainda segundo o vice-presidente, o vento "que está muito forte" tem sido "o maior adversário" dos operacionais no terreno, estando as chamas a evoluir em povoamento florestal de pinheiro e eucalipto.
Praia fluvial em Vila de Rei evacuada por precaução e por causa do fumo
A praia fluvial do Bostelim, em Vila de Rei, distrito de Castelo Branco, foi hoje evacuada por precaução, na sequência de um incêndio que atinge aquela região, disse fonte da Câmara local. O vice-presidente do Município de Vila de Rei, Paulo César, explicou que o facto de várias autocaravanas utilizarem aquele local, poderia criar uma situação de pânico numa eventual necessidade de operações mais intensivas naquele local.
Além disso, disse o autarca, o fumo também contribuiu para a evacuação daquele espaço de lazer.
A estrada nacional 2 (EN2), entre Vila de Rei e Sertã, nas proximidades da Cumeada, está cortada ao trânsito devido ao incêndio. “Não se passa mesmo. Até há meios operacionais que não conseguem passar”, disse.
O vice-presidente disse também que três aldeias estão próximas das chamas e em “perigo”, nomeadamente Monte Novo, Fouto e Relva do Boi.