29 jul, 2019 - 11:05 • Miguel Coelho , Cristina Nascimento
O presidente do Instituto Português do Mar e Atmosfera avisa que o tempo de verão tímido “vai continuar assim durante, pelo menos, mais duas semanas”, com uma “temperatura média abaixo do normal”.
“Temos tido situações muito estáveis, do ponto de vista meteorológico, sem aquela dinâmica das passagens das frentes meteorológicas de oeste para este e que dão a variabilidade típica do clima na nossa latitude”, acrescenta Miguel Miranda, em entrevista à Renascença.
O presidente do IPMA explica que o fenómeno está ligado ao aumento de temperatura sobretudo no Ártico que “está a ter um nível de aquecimento claramente superior à média do aquecimento da Terra”.
“O aquecimento global vai dominar a nossa vida nas próximas décadas. Já passámos a fase em que era um tema polémico para ser um tema razoavelmente consensual”, afirma.
“O aquecimento das latitudes muito altas está muito significativo. Aparentemente, a diferença de temperatura entre as zonas polares e as zonas equatoriais, que é aquilo que move a nossa atmosfera, está um pouco mais e baixo e, portanto, o comportamento das massas de ar é ligeiramente diferente”, explica.
Portugal tem escapado a onda de calor. Porquê?
Nos últimos dias, muitos países do centro da Europa têm batido recordes de temperatura, enquanto em Portugal o tempo tem estado bastante mais ameno. A razão para este cenário prende-se com a deslocação de massas de ar quente e fria.
“Nós temos calor e o frio porque existem massas de ar, umas são mais quentes que outras. Uma massa de ar que vem do norte de África e que se desloca para norte, que é o que está a acontecer, vai aquecer a Europa central. Quando nós temos uma massa de ar que vem de uma região mais a norte, mais fria, ou que se deslocou muito tempo sobre o oceano Atlântico e que está mais fresca, quando passa por cima do continente português ou das ilhas acaba por nos baixar e temperatura”, explica.
Apesar do cenário meteorológico atípico, Miguel Miranda que o verão vai chegar.
“Vamos voltar a ter alguma normalidade e há-de se estabelecer aquilo que as pessoas consideram tempo de verão em Portugal”, prevê.
Nestas declarações à Renascença, Miguel Miranda ressalva que este ano tem sido um dos mais certeiros ao nível das previsões e revela que a meta europeia é que, em 2025, seja possível fazer previsões até 14 dias.