06 ago, 2019 - 19:46 • Redação
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O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, reage na Renascença à notícia do polémico cartaz que celebra a baixa natalidade em Portugal.
Vieira da Silva não se mostra chocado com o “outdoor”, defende que é um debate que vale a pena fazer “com profundidade” e que Portugal tem de “vencer” o problema do envelhecimento da população.
“É evidente que as tendências demográficas que estamos a viver são muito negativas. Antes da crise, nasciam 100 mil crianças em Portugal e, agora, ainda não atingimos as 90 mil. Sempre foi um tema polémico. A mim não me choca que as pessoas contestem a validade desta preocupação com a natalidade”, afirma o governante.
Vieira da Silva refere que há razões de “natureza ambiental e civilizacional que podem militar a favor de uma abordagem mais chocante”, de redução do número de nascimentos no mundo, e tem ouvido especialistas portugueses que “contestam o dramatismo que por vezes se coloca nesta quebra de natalidade”.
“Acho que esse debate é um debate que vale a pena ser feito com profundidade, mas que existe um desafio que a sociedade portuguesa tem que vencer, isso é indiscutível. Vamos viver nas próximas décadas um período em que a percentagem com mais de 75 anos ou mesmo com mais de 85 anos vai crescer muito significativamente e vai ser maior do que são os jovens de hoje. E isso levanta desafios complicados para qualquer sociedade”, alerta o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
O polémico cartaz foi colocado por uma empresa holandesa na Praia das Maçãs, em Sintra, e apela à “celebração” da baixa taxa de natalidade portuguesa.
Também ouvido pela Renascença, Manuel Lemos, presidente da Comissão Especializada para a Natalidade, vê no cartaz da empresa Great Decrease um episódio sem relevância e que revela “desconhecimento da realidade portuguesa”.
“Ao nível do primeiro filho nós estamos nas médias europeias. Este Governo tem feito uma série de medidas para aumentar a natalidade porque um país só faz sentido se tiver um povo por baixo. Portugal tem uma história e isso tudo pressupõe portugueses”, defende Manuel Lemos.
Sobre o argumento de que, nas próximas décadas, a população mundial vai disparar, o responsável sublinha que Portugal é uma gota de água no oceano.
“Portugal vai ser sempre residual, porque não é em Portugal que o problema se põe. Se fossemos mil milhões como na Índia, na China ou nos países africanos… Eu acho isto mais um cartaz da ‘silly season’, ainda por cima colocado em Sintra, um dos poucos concelhos onde os números são mais próximos dos números europeus”, remata Manuel Lemos.