08 set, 2019 - 00:01 • Rui Barros
Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico, é o curso com a média mais alta em Portugal. Os dados da 1.ª fase do concurso de acesso ao ensino superior público, divulgados este domingo, mostram que o último aluno a entrar neste curso entrou com uma média de 18,95 valores.
O mestrado integrado do Técnico retoma o lugar que já ocupara em 2016 e em 2017 depois de, no ano passado, ter sido empurrado para o terceiro lugar. O número de vagas neste curso até cresceu - foram mais 12 vagas ao abrigo da medida do Ministério para dar mais vagas aos cursos mais procurados pelos melhores alunos - mas nem isso fez a nota do último colocado descer: foram mais 0,10 valores em relação a 2018.
Os dados mostram assim um repor da normalidade numa tabela que, o ano passado, trazia uma grande surpresa no topo. O curso de Engenharia Física Tecnológica, no Instituto Superior Técnico, repete o segundo lugar, com uma média de 18,88 valores (menos 0.02 do que o ano passado), seguido dos cursos de Bioengenharia, na Universidade do Porto, que saltou de sexto para terceiro lugar neste ranking.
Engenharia e Gestão Industrial, na mesma universidade, ocupa o quarto lugar.
Medicina, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, sobe um pouco na tabela em comparação com o ano passado. Figura agora em quinto lugar, com uma média de entrada de 18,5 valores.
No top 20 das notas de acesso mais altas, cinco cursos são de Medicina, num ranking que é maioritariamente liderado por cursos de Engenharia, Matemática e Saúde.
A exceção vai para Línguas e Relações Internacionais, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que ocupa o 12º lugar. Para entrar neste curso, os alunos tiveram de ter uma média igual ou superior a 17,9.
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Engenharias continuam a ser os cursos que mais movem os estudantes
A prevalência dos cursos de engenharia no top das melhores médias reflete o crescente interesse nesta área, que volta a ser a área de conhecimento com mais colocados. Mais de oito mil alunos vão estudar num curso desta área.
A preferência vai, no entanto, para os cursos na área das Ciências Empresariais: foi a área que registou o maior número de candidatos em primeira opção.
Os interesses e ambições dos portugueses parecem, no entanto, divergir das vagas que a tutela abriu em cada uma das áreas. Nas 23 áreas de estudo definidas pelo Ministério, 11 tiveram mais candidatos em primeira opção do que as vagas que as universidades portuguesas tinham para oferecer.
A área do Direito é o caso em que esta discrepância mais se verifica. Foram 3.252 os alunos que escolheram como primeira opção um curso na área do Direito quando só há 1.844 vagas em todo o país.
De acordo com os dados da DGES, os cursos catalogados como sendo de “Serviços de Transporte” ou os que não estão catalogados já não têm qualquer tipo de vaga.
Número de alunos nas grandes cidades praticamente igual
Nos últimos dois anos o Ministério do Ensino Superior tem introduzido um conjunto de mudanças na forma como as vagas são distribuídas pelas instituições. Depois de ter anunciado uma redução nas vagas no Porto e em Lisboa na ordem dos 5%, este ano a tutela autorizou um aumento de vagas nos cursos que tinham mais procura por alunos com média igual ou superior a 17 - todos localizados no Porto e em Lisboa.
Estas alterações ajudarão a perceber os dados deste ano. Os números apontam para uma redução na ordem dos 0,1% no número de colocados em Lisboa e no Porto, ao passo que as regiões com menor pressão demográfica beneficiaram de um aumento de 2,6%.
Se olharmos para o top 20 da tabela com as melhores notas, apenas três cursos não estão localizados nas duas maiores cidades portuguesas: Medicina e Engenharia e Gestão Industrial na Universidade do Minho e Medicina em Coimbra.
Quatro instituições sem qualquer vaga para a segunda fase
Caso todos os colocados reclamem a sua vaga, há quatro instituições que não vão receber qualquer aluno na segunda fase do concurso de acesso ao ensino superior por terem preenchido todas as vagas na primeira fase. O ISCTE, a Universidade Nova de Lisboa e as escolas superiores de Enfermagem do Porto, Lisboa e Coimbra esgotaram todas as vagas logo na primeira fase.
No pólo oposto estão os institutos politécnicos de Tomar, Bragança, Portalegre e Beja, que não conseguiram preencher sequer metade das vagas que disponibilizaram nesta fase.
A segunda fase do concurso decorre de 9 a 20 de setembro, estando disponíveis as vagas que sobraram da primeira fase, aquelas em que, apesar de alguém ter sido colocado nelas, não foram “reclamadas” no momento da matrícula, as resultantes da recolocação de estudantes já colocados, as libertadas na sequência de retificações às colocações da primeira fase ou ainda as vagas adicionais criadas nos termos do regulamento ou que sejam utilizadas no atendimento de reclamações.
Se não entrou na primeira fase ou está a pensar candidatar-se novamente na segunda fase, as vagas que sobram já podem ser consultadas aqui, mas só no dia 18 de setembro é que serão divulgadas as vagas atribuídas na primeira fase que não foram reclamadas, pelo que é possível que o número de vagas disponíveis para a segunda fase aumente.
Podem concorrer aqueles que não conseguiram entrar na primeira fase, quem não se candidatou ainda, os que só reuniram as condições para se candidatar após o fim do prazo da primeira fase, quem não se matriculou na instituição em que foi colocado ou simplesmente quem queira tentar de novo.
Os resultados da segunda fase são conhecidos a 26 de setembro.