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Estudo. Mais 133 mil veículos poluentes a gasóleo num ano em Portugal

17 set, 2019 - 23:59 • Redação com Lusa

Os números fazem parte de um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, que assinala os quatro anos do chamado escândalo "Dieselgate". Em declarações à Renascença, Francisco Ferreira, da associação ambientalista ZERO, defende que está na hora de mudar de paradigma.

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O número de veículos poluentes a gasóleo que circulam em Portugal subiu de 713 mil para 846 mil entre 2018 e este ano (mais 133 mil), com a Europa a ter a circular mais de 50 milhões de veículos a gasóleo.

Os números fazem parte de um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), que assinala os quatro anos do chamado escândalo "Dieselgate".

Em 18 de setembro de 2015 foi revelado que o grupo Volkswagen usou técnicas fraudulentas entre 2009 e 2015 para reduzir as emissões de gás carbónico e óxido de nitrogénio nos testes de poluentes de alguns dos motores a diesel e a gasolina. Estima-se que tenham sido afetados 11 milhões de veículos (oito milhões só na Europa).

Segundo os dados agora divulgados, entre 2018 e 2019, o número de veículos a gasóleo a circular nas estradas europeias aumentou de 43 milhões para 55 milhões.

E mesmo que todos os veículos afetados pelo "Dieselgate" fossem chamados à oficina para correção do 'software', diz a T&E que o número de veículos altamente poluentes desceria apenas 16%, para um total de 42,5 milhões.

"A análise da T&E sobre os novos dados de emissões em condições reais de condução e os dados das marcas sobre as correções efetuadas aos veículos mostram um aumento de 18% nos últimos 12 meses, e um aumento acentuado de 74% desde 2016. Este aumento deve-se, em parte, às novas vendas no ano passado e em parte, a novas evidências sobre as emissões reais dos novos modelos a gasóleo", refere um comunicado da associação ambientalista ZERO, que é membro da T&E.

E acrescenta ainda que segundo o estudo o Grupo Volkswagen é responsável por mais de um quinto de todos os veículos mais poluentes na União Europeia (UE) (11,6 milhões), seguida pela Renault-Nissan (8,1 milhões) e pelo PSA Group (7,2 milhões, excluindo a Opel e a Vauxhall).

De acordo com a Federação, uma organização ambientalista não governamental que representa 58 entidades de 26 países, especialmente grupos ambientalistas, os Estados-Membros onde circulam mais veículos mais poluentes são a Alemanha (9,9 milhões), seguida pela França (9,8 milhões) e o Reino Unido (8,5 milhões).

Se a estes três países se juntarem a Itália, Espanha e a Bélgica, o conjunto representa 81% de toda a frota de veículos a gasóleo mais poluentes da UE.

Na lista dos países Portugal está na 10.ª posição, com 846 mil veículos poluentes a gasóleo a circular nas estradas, seguido de perto pela Polónia, com 845 mil.

A ZERO nota no comunicado, citando dados do último trimestre de 2018 do Instituto de Mobilidade e de Transporte (IMT), a autoridade nacional competente na matéria, que em Portugal foram chamados à oficina para correções de 'software' cerca de 125 mil veículos (apenas do Grupo Volkswagen, não considerando outras marcas fraudulentas) desde fevereiro de 2016. E salienta que restam ainda 17 mil veículos por corrigir.

O estudo da T&E mostra, uma vez mais, "que o escândalo Dieselgate está longe de chegar a um fim, já que não apenas o legado permanece em grande parte por desvendar, mas também porque mais veículos poluentes continuam a ser vendidos pela indústria e homologados pelos reguladores nacionais", salienta a organização ambientalista portuguesa no comunicado.

A ZERO defende alterações a nível de 'hardware', muito mais eficazes e disponíveis há anos, como o catalisador SCR (redução catalítica seletiva). E diz ser inadmissível que quatro anos após o "Dieselgate" a UE não tenha tomado e continue a adiar as medidas necessárias para tornar mais eficientes milhões de veículos poluentes que continuam a circular nas estradas europeias.

Em declarações à Renascença, Francisco Ferreira, da associação ambientalista ZERO, defende que está na hora de mudar de paradigma.

“Estes números mostram que é difícil, em relação ao problema das emissões dos óxidos de azoto que os veículos a gasóleo têm, a única solução é optarmos por veículos a gasolina, mas preferencialmente, e num futuro próximo a custos acessíveis, por veículos 100% elétricos que nós nesta altura achamos que é fundamental estimular”, afirma Francisco Ferreira.

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