30 set, 2019 - 16:08 • Celso Paiva Sol
O Conselho Português para os Refugiados (CPR) desafia Cristiano Ronaldo a envolver-se na defesa de Miguel Duarte, o ativista português que enfrenta julgamento em Itália por "auxílio à imigração ilegal".
Numa carta aberta enviada ao jogador da Juventus, o Conselho pede-lhe que vista a camisola não só por Miguel Duarte, mas também por todos quantos sofrem na travessia do Mediterrâneo.
À Renascença, Mónica Farinha, presidente do CPR, diz que Ronaldo está numa posição privilegiada para fazer a diferença.
“Tendo em conta, por um lado, a posição do Cristiano Ronaldo, que é obviamente muito respeitado, admirado e aplaudido, e por outro o facto de, neste caso, estar envolvido um outro português, achamos que era uma boa maneira de nos identificarmos todos com o problema como portugueses. Porque quando um de nós se destaca, é como se todos nós nos destacássemos, e quando alguém é atingido por uma injustiça, de certo modo é como se fossemos todos atingidos por essa injustiça.”
Miguel Duarte tem 26 anos, é aluno de doutoramento em Matemática no Instituto Superior Técnico e durante 2016 participou em diversas missões humanitárias no Mediterrâneo, ao serviço de uma ONG alemã.
Nesse contexto, foi constituído arguido pela Justiça italiana no ano passado sob acusações de "auxilio à imigração ilegal", que podem valer-lhe uma pena de até 20 anos de prisão.
Enquanto Miguel Duarte espera pelo início do julgamento, o CPR pede ajuda ao "melhor do mundo", que agora joga precisamente em Itália.
Mónica Farinha garante que não houve qualquer contacto prévio com o jogador e ressalta que tudo o que ele puder fazer será bem-vindo.
“Na prática, o que era bom que acontecesse era que ele vestisse literalmente a camisola, mas mesmo que ele decida não vestir a camisola se pelo menos puder chamar á atenção para o que se passa, já era um bom resultado.”
Para além da carta aberta, o Conselho enviou também a Ronaldo a camisola que espera que ele vista, com o número 7 e o nome de Miguel.