05 nov, 2019 - 00:57 • Lusa
O ex-primeiro-ministro José Sócrates disse esta segunda-feira, na fase de instrução da Operação Marquês, que a sua mãe recebeu uma herança, tendo-lhe dado parte do dinheiro que gastou em viagens, afirmou à Lusa fonte ligada ao processo.
Segundo a mesma fonte, Sócrates justificou ao juiz Ivo Rosa, no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, que a mãe tinha dinheiro porque nos anos 80 tinha recebido uma herança de um milhão de contos (cinco milhões de euros) e que lhe doou parte desse dinheiro, cerca de 10 mil euros, para cada uma das viagens de lazer que fez enquanto primeiro-ministro e posteriormente.
Sobre a casa que habitou em Paris, enquanto estudava e que o Ministério Público acredita ser sua propriedade, o ex-governante insiste em dizer que o imóvel é do seu amigo e também arguido Carlos Santos Silva e que nem sequer lhe deu conselhos sobre as obras de remodelação, contrariando a acusação.
Quanto aos empréstimos bancários que fez na Caixa Geral de Depósitos, Sócrates, indicou a fonte, referiu que fez um de 120 mil euros que lhe permitiu viver e estudar um ano em Paris e que as despesas do segundo ano foram suportadas com os mais de 400 mil euros que a mãe lhe deu depois da venda da casa na Rua Braamcamp, em Lisboa, a Carlos Santos Silva.
Principal arguido do caso garantiu ao juiz de inst(...)
No final de cinco dias de interrogatório, no total de perto de 30 horas, José Sócrates voltou hoje a sair do tribunal satisfeito, dizendo aos jornalistas que todos os assuntos foram falados e que "não ficou pedra sobre pedra da acusação".
"Estou satisfeito, foi muito exaustivo, percorremos todos os assuntos e não ficou pedra sobre pedra da acusação", declarou.
No final do mês é a vez de Carlos Santos Silva ser interrogado na fase de instrução, que funciona como um mecanismo de controlo jurisdicional da acusação do Ministério Público e que termina com a decisão do juiz de levar ou não a julgamento os arguidos e os termos em que isso acontece.
A Operação Marquês teve início em julho de 2013 e culminou na acusação a 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - a 11 de outubro de 2017 pela prática de 188 de crimes económico-financeiros, entre os quais corrupção e branqueamento de capitais.
Sócrates, que esteve preso preventivamente e em prisão domiciliária, está acusado de 31 crimes económico-financeiros. O antigo líder socialista foi acusado pelo Ministério Público da alegada prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada.