Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Prisão preventiva para mãe que deixou recém-nascido no lixo

08 nov, 2019 - 18:37 • Redação

A mulher, uma sem-abrigo de 22 anos, fica indiciada por homicídio qualificado na forma tentada.

A+ / A-

A mulher que deixou o filho recém-nascido num caixote do lixo, em Lisboa, vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva.

A mãe, uma sem-abrigo de 22 anos, fica indiciada por homicídio qualificado na forma tentada, depois de ser ouvida no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

A Polícia Judiciária anunciou esta sexta-feira ter identificado e detido durante a madrugada uma mulher suspeita de ser a mãe do recém-nascido abandonado num contentor do lixo, na zona de Santa Apolónia, em Lisboa.

A suspeita vivia numa tenda naquela zona da cidade e nunca sinalizou às autoridades de saúde que estava grávida. Não tem antecedentes criminais e terá agido sozinha. Pai da criança "não está na cidade, nem na região".

O menino foi encontrado por um sem-abrigo na passada terça-feira, ao fim da tarde.

Na quinta-feira, o responsável pela unidade de cuidados intensivos neonatais do Hospital Dona Estefânia disse que o recém-nascido "é um bebé saudável", pelo que, em termos clínicos, poderia ter alta nas próximas 48 horas.

Daniel Virella explicou que a alta do bebé depende da decisão do Estado para o acolher, nomeadamente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), reforçando que "clinicamente não há nada que impede de ter alta".

No Hospital Dona Estefânia, foram feitas "as análises, os exames complementares, que são habituais numa situação dessas, e o resto foi, basicamente, cuidados de prevenção".

Após ter sido internado no polo de urgência de pediatria do Hospital Dona Estefânia, onde precisou de "cuidados quase mínimos", o recém-nascido foi transferido para a Maternidade Alfredo da Costa por "não carecer de cuidados complexos médicos e cirúrgicos".

O Presidente da República já agradeceu o "gesto cívico e humano" do homem que encontrou um recém-nascido num caixote. "Quando ele andava à procura de meios de sobrevivência salvou uma vida. Por isso é que eu falei nas desigualdades", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

A ministra da Saúde, Marta Temido, garantiu esta sexta-feira que o bebé irá permanecer nos cuidados de saúde, garantindo que estas estruturas estão "perfeitamente habilitadas a lidar com estes casos".

"A criança permanecerá nos cuidados de saúde enquanto precisar de cuidados de saúde e depois intervirão as outras estruturas, ao nível dos ministérios da Justiça e da Segurança Social, no sentido de encontrar uma família, uma instituição que proteja os direitos da criança", disse Marta Temido à margem de uma visita ao Hospital Curry Cabral, em Lisboa.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Isabel M. M,
    09 nov, 2019 00:23
    Claro que o primeiro pensamento que nos ocorre ao ouvir uma notícia destas é recheado de indignação e revolta contra a mãe do bebé. Claro que pensamos logo em como é possível que tenha optado por jogar o filho num contentor do lixo em vez de ir para o hospital, ter a criança com a assistência médica devida e lá informar que não queria ou não podia ficar com a criança ou então deixá-la à porta de uma igreja, de um hospital ou outra porta qualquer mas nunca, em momento algum, pensar em deixá-la no lixo. Claro que nos arrepiamos de horror ao pensar no fim trágico que este menino teria se não o tivessem encontrado a tempo e por isso nos custa sentir alguma pena da mãe. Eu própria pensei tudo isto numa primeira reacção. No entanto, depois de ouvir as opiniões de quem percebe a cabeça humana em variadas situações, dei por mim a pensar que, se calhar, a jovem não é a pessoa maléfica e sem sentimentos que me pareceu no primeiro momento. Agora, mais a frio e porque felizmente o menino está bem, consigo moderar a revolta e indignação enquanto se espera que os especialistas concluam qual o estado mental e emocional da jovem mãe. Não digo que aceito o que fez, nem consigo dizer que entendo a opção que tomou, mas talvez consiga aceitar a justificação para este acto se se concluir que foi uma questão de saúde mental. Sem sabermos de toda a história nunca faremos um julgamento justo e será sempre o coração a falar mais alto. Ao bebé desejo toda a sorte do mundo e um bem haja ao sem-abrigo

Destaques V+