12 nov, 2019 - 09:00 • Redação
O lítio (Li) foi descoberto em 1817. O inglês Humphry Davy isolou-o através da electrólise, um método ainda usado para obter lítio puro. Começou a ser utilizado comercialmente em 1923 na cerâmica e na medicina, tornando-se depois essencial na aeronáutica e na electrónica.
Além dos jazigos minerais de espodumena, petalite, ambligonite e lepidolite, como no caso português, o lítio também pode ser extraído de lagos salgados, nomeadamente dos Himalaia e dos Andes (Chile, Argentina e Bolívia).
Qual a importância dos depósitos de lítio em Portugal?
As reservas de lítio em Portugal são uma das maiores na Europa e as sextas a nível mundial. Existem, pelo menos, 12 as áreas consideradas de elevado potencial no centro e no norte do país. No total, há 79 municípios com requerimentos de prospeção e pesquisa de lítio.
Qual a utilidade do lítio extraído?
Há muito que o lítio em Portugal é usado na produção de cerâmica e vidro, mas a grande explosão a nível mundial foi causada pela indústria das baterias que nos últimos dois anos fez subir o preço deste minério de 6 para 24 euros. O aumento produção em 200% de carros elétricos foi um dos principais motivos que levou à valorização do lítio.
Como é que se obtém o lítio?
Com recurso a equipamento pesado, a rocha é extraída mecanicamente do solo e o mineral é enviado através de tapetes rolantes para várias fases de trituração. É peneirado e são adicionados agentes químicos, até que o composto é finalmente seco e filtrado para ser transformado em carbonato de lítio ou hidróxito de lítio. Está previsto que na exploração em Montalegre sja instalado um complexo de extração e uma fábrica para processamento de compostos de lítio para fabrico de baterias para a indústria automóvel e para o armazenamento de eletricidade. É o processo de transformação o que valoriza o minério e que poderá ter um alto retorno financeiro.
Quais os efeitos nocivos na exploração?
A população residente junto a minas de lítio teme a contaminação dos rios, das águas subterrâneas e que as operações de extração deixem no ar poeiras nocivas à saúde. O Governo, apesar de reconhecer que não há atividade humana que não tenha impactos, garante que os efeitos serão minimizados e que há um interesse nacional.
Na passada segunda-feira, o secretário de Estado João Galamba, garantiu que se o Estudo de Impacte Ambiental for negativo, ou se as medidas compensatórias não puderem ser aplicadas pela empresa, não haverá mina de lítio.
Quais são os argumentos dos ambientalistas?
Francisco Ferreira, da associação Zero, considera que é "crucial olhar para as baterias na lógica da economia circular", garantindo que há um sistema montado para reciclá-las e reutilizar o elemento que apenas constitui uma "parte mínima" da bateria, cerca de dois por cento. João Branco, da Quercus, diz que "o lítio é importante para acabar com a dependência do petróleo nos transportes, mas esperamos que haja muita energia solar para carregar as baterias de lítio, porque agora, a maior parte da eletricidade é produzida pelas centrais a carvão e assim não adianta".
E do Governo?
De acordo com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, a exploração de lítio é essencial para cumprir as metras da neutralidade carbónica. As baterias de lítio são fundamentais para armazenar energia de fontes renováveis e só assim será possível o país cumprir as metas de descarbonização: em 2030 cerca de 80% de eletricidade com origem em fontes renováveis e em 2050 atingir os 100%.