14 nov, 2019 - 11:00 • João Cunha
O presidente do Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos confirma: há pelo menos um medicamento que prolonga a vida a mulheres com cancro da mama em estado avançado que não está a ser ministrado a mulheres jovens com aquela doença.
“É óbvio que o acesso não está a ser por igual e é óbvio que é uma situação que tem de ser resolvida”, afirma Luís Costa à Renascença, sublinhando: “Estamos a falar de mulheres jovens que podem juntar à atual terapia um tratamento que pode beneficiar a sua expectativa de sobrevivência. Qualquer pessoa entende que isto é muito importante”.
Entre este tipo de novos medicamentos, utilizados em conjunto com a hormonoterapia para tratar mulheres com cancro da mama metastático em estado avançado – e que estão aprovados na Europa e reconhecidos pelo Infarmed para serem comparticipados pelo Estado – está um que já demonstrou poder ser também muito eficaz em mulheres mais jovens, antes da menopausa.
“Aumenta a expectativa de sobrevivência das mulheres, o que neste contexto é um ganho muito grande, dentro do que é possível hoje conseguir com as terapêuticas em oncologia”, explica Luís Costa.
Mas este medicamento ainda não é comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) para as mulheres mais jovens. Já no privado, a situação é diferente: podendo suportar a despesa, a doente pode ter acesso a este medicamento inovador.
A denúncia foi feita à agência Lusa por uma oncologista, que acusa a Autoridade do Medicamento (Infarmed) de estar a negar o acesso a este fármaco, porque só autorizou a comparticipação na íntegra, para os tratamentos nos hospitais públicos, a mulheres que já tenham passado pela menopausa.
"Está a sonegar às mulheres jovens com cancro da mama avançado uma classe de medicamentos que aumenta a sua sobrevida. O Infarmed está a acelerar a morte de doentes jovens com cancro da mama avançado", acusou a médica Fátima Cardoso, responsável pelo lançamento da instituição internacional Aliança Global pelo Cancro da Mama Avançado.
Em comunicado enviado à Renascença, o Infarmed diz que não conhece qualquer medicamento com estas características e benefícios que esteja a aguardar decisão de financiamento. O mesmo texto esclarece que existem no Serviço Nacional de Saúde outras opções terapêuticas adequadas para mulheres antes, durante e depois da menopausa.