17 nov, 2019 - 19:01 • Susana Madureira Martins , com redação
Onze dias depois do Presidente da República ter pedido resposta mais rápidas para os sem-abrigo, num périplo noturno por Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa vai receber esta segunda-feira, no Palácio de Belém, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e a secretária de Estado da Ação Social, Rita da Cunha Mendes, para uma reunião de trabalho sobre a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
"Este é o momento de o novo Governo decidir se quer, sim ou não, levar por diante aquilo que começou no Governo anterior. Neste momento há novos problemas, há novos desafios, há novas situações", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.
A resposta surgiu nesse mesmo dia. A ministra Ana Mendes Godinho garantiu que o executivo quer continuar as ações de procura de habitação e de soluções para as pessoas sem-abrigo.
Ana Mendes Godinho falou durante a preparação de refeições para sem-abrigo, em Lisboa, em que também marcou presença o Presidente da República.
“Garantir que continuamos aquilo que foi identificado como as ações que tínhamos de garantir, nomeadamente tentar encontrar habitação para as pessoas, tentar encontrar soluções para cada uma das situações, porque sabemos que cada situação é diferente e precisa de uma resposta adequada e próprio”, declarou na altura a ministra da Solidariedade.
A reunião desta segunda-feira entre o Presidente da República e o Governo acontece dias depois do caso de um recém-nascido que foi abandonado num caixote do lixo, em Lisboa. A mãe, um mulher sem-abrigo, de 22 anos, encontra-se em prisão preventiva.
O bebé foi encontrado por outras pessoas sem-abrigo. Marcelo Rebelo de Sousa, que se deslocou ao local, na zona de Santa Apolónia, agradeceu e disse que receberá todos os que ajudaram a salvar a criança.
CNIS alerta que plano para os sem-abrigo pode ficar por cumprir
A Confederação das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) é uma das entidades que integra a Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
Em declarações à Renascença, José Leirião, membro da CNIS, diz esperar que a reunião entre o Presidente e o Governo sirva para desbloquear, por exemplo, a questão prioritária da habitação para estas pessoas.
“O Instituto Nacional de Habitação, juntamente com as câmaras municipais, deviam cooperar mais no sentido de tentar disponibilizar fundos para darmos passos concretos para construir habitações. De outra forma não conseguimos. Se as coisas continuarem a andar devagar, como até aqui, chegamos a 2023, que é o prazo da estratégia, e termos feito alguma coisa, mas não termos feito tudo”, alerta o responsável da CNIS.
Para além de casas-abrigo, José Leirião refere a questão do emprego adequado à formação das pessoas sem-abrigo como prioritária.