18 nov, 2019 - 07:26 • Susana Madureira Martins com redação
A quatro dias da manifestação conjunta da PSP e da GNR, o ministro da Administração Interna reúne-se esta segunda feira com a Associação dos Profissionais da Guarda (APG) .
Independentemente do que acontecer nesta reunião com Eduardo Cabrita, a APG vai manter o protesto.
Em entrevista à Renascença, o presidente da associação, César Nogueira, acusa o Governo de estar com medo da manifestação ao convocar este encontro numa data tão próxima da manifestação, mas adianta que prefere dar-lhe o benefício da dúvida.
“Temos uma manifestação para dia 21, é óbvio que esta reunião que antecede poucos dias demonstra apenas que o Governo está com receio desta manifestação”, afirma.
“Mas como o Governo tomou posse há pouco tempo, nós damos o benefício da dúvida e vamos estar presentes na reunião, à espera que o senhor ministro nos transmita alguma coisa concreta, porque já não vamos em promessas. Promessas tivemos durante quatro anos e nada foi resolvido. Queremos é que haja alguma coisa em concreto para resolver os problemas institucionais, nomeadamente as questões salariais e as questões das condições de serviço”, acrescenta.
A reunião com o Governo está prevista para as três da tarde desta segunda feira e César Nogueira a garante que a manifestação da PSP e da GNR deverá decorrer sem episódios de violência. O presidente da APG lamenta o que diz ser a contrainformação que tem sido lançada sobre alegadas ligações das forças de segurança à extrema-direita.
“Fala-se sempre muito quando há uma manifestação das forças de segurança. Isso é contrainformação, é uma tentativa de descredibilização das forças de seguranças. Nós somos profissionais e somos polícias e vamos fazer tudo para que a manifestação corra da melhor forma” garante.
“Apenas queremos, através dos profissionais presentes, demonstrar que o descontentamento é muito. Tudo o que tem sido dito sobre a associação a movimentos de extrema direita ou extrema esquerda é contrainformação, para descredibilizar as forças de segurança. Nós temos cumprido com a nossa missão, quem não tem cumprido connosco é o Governo. Por isso, tudo o que possa ser dito é para desmotivar e descredibilizar as forças de segurança”, conclui.
Entre as queixas está o acentuado envelhecimento dos efetivos. Na PSP, por exemplo, a média de idades ronda os 45 anos, com tendência para aumentar no futuro. Neste capítulo, as estruturas sindicais acusam o Governo liderado pelo PS de ter ignorado o plano de recrutar anualmente tantos policias como os que deixava sair para a pré-reforma.
Os profissionais das duas forças de segurança queixam-se também de serem credores de cerca de 30 milhões de euros, relativos aos retroativos do corte dos suplementos em tempo de férias. O corte vigorou entre 2010 e 2019, e só foi levantado por ordem do Supremo Tribunal Administrativo – onde a ASPP ganhou o processo que tinha instaurado contra o Governo.
Até hoje, apesar do corte já não existir, ainda não foram pagos os retroativos a 2010.
Entre as razões para a convocação da manifestação desta quinta-feira, está também o facto de ainda não ter sido criado o subsídio de risco aprovado na Assembleia da República e até hoje ignorado pelo Ministério da Administração Interna.