27 nov, 2019 - 15:29 • Lusa
O número de novos casos de infeção por VIH diminuiu 46% e o de novos casos de sida 67%, entre 2008 e 2017, revela um relatório elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O estudo indica que dos 59.913 casos de infeção por VIH notificados neste período, 22.551 atingiram "estádio sida".
O relatório "Infeção VIH e SIDA - situação em Portugal em 2019", do INSA) e da DGS, avança, ainda que, até 30 de junho de 2019 foram notificados em Portugal 973 novos casos de infeção por VIH com diagnóstico durante o ano 2018, o que corresponde a uma taxa de 9,5 novos casos por 100 mil habitantes, adiantam os dados do relatório citados num comunicado conjunto da DGS e do INSA.
No mesmo período foram ainda diagnosticados 227 novos casos de sida (2,2 casos por 100 mil habitantes), nos quais a pneumonia por ‘Pneumocystis jirovecii’ foi a doença definidora de SIDA mais frequente, adianta as duas organizações de saúde em comunicado.
“A maioria dos novos casos ocorreu em indivíduos naturais de Portugal (64,2%), mantendo-se o predomínio de casos de transmissão heterossexual, no entanto, os casos em homens que têm relações sexuais com homens (HSH) corresponderam a 49,2% dos novos diagnósticos em homens”, salientam.
De acordo com o documento, os casos em homens que têm relações sexuais com homens (HSH) apresentaram a idade mediana mais baixa (31 anos) e correspondem a 63,2% dos casos diagnosticados em indivíduos de idade inferior a 30 anos, com a taxa de diagnóstico mais elevada a registar-se no grupo etário 25-29 anos (23,8 casos por 100 mil habitantes).
As estimativas realizadas para o ano 2017 revelaram que viviam em Portugal 39.820 pessoas com infeção por VIH, e que apenas 7,8% não estavam diagnosticadas.
A proporção de infeções não diagnosticadas era mais elevada para os casos em homens heterossexuais (13,9%) e mais baixa em utilizadores de drogas injetáveis (1,5%), sendo o tempo médio entre a infeção e o diagnóstico de 3-4 anos, no final de 2017, refere o documento.
“Apesar de estes indicadores revelarem que Portugal tem conseguido chegar aos grupos mais vulneráveis, a percentagem de diagnósticos tardios ainda é superior à da União Europeia”, adverte o documento, defendendo que “importa melhorar as estratégias de rastreio, entre elas a manutenção das respostas comunitárias, o alargamento dos testes rápidos nas farmácias e a criação de alertas para rastreio de pessoas com condições de infeção nos centros de saúde”.
A publicação apresentada hoje pelo INSA e DGS sublinha ainda que os dados da monitorização da estratégia 90-90-90 revelaram que Portugal atingiu no final de 2017 os três objetivos da ONUSIDA, com 92,2% das pessoas que vivem com VIH diagnosticadas, destas 90,3% em tratamento e, dessas, 93% com carga viral suprimida (ou seja, com menor risco de transmissão).
“Apesar desta conquista, a aposta na disponibilização de meios preventivos e de redução de riscos e minimização de danos, assim como a promoção do rastreio da infeção e da referenciação das pessoas com resultados reativos para os cuidados hospitalares mantêm-se como eixos prioritários da resposta nacional à infeção”, sublinha o documento.