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Crise no jornalismo. ​Marcelo quer comunicação social nas prioridades dos poderes públicos

03 dez, 2019 - 20:07 • Susana Madureira Martins , com redação

Para os que recusam e estão em negação em relação aos problemas nos grupos de media, o Presidente da República avisa que vão levar com a crise em cima e em força, porque ela vai chegar a todos.

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Está oficialmente declarada a crise da comunicação social pelo Presidente da República. O alerta reforçado de Marcelo Rebelo de Sousa aconteceu esta terça-feira na conferência "Financiamento dos Media", em Cascais.

O chefe de Estado defendeu que os poderes públicos têm de colocar a comunicação social no centro das prioridades e das medidas orçamentais.

“Dentro daqueles que acreditam ser mesmo grave a crise existente, um cada vez maior número já percebeu que ou a sociedade civil age ou os poderes públicos não sentirão a premência em agir, porque é eterna a invocação de limites orçamentais. Limites esses mais evidentes para domínios sociais sensíveis para o comum dos cidadãos. Da saúde à segurança, do combate à pobreza e às desigualdades à educação, e o estado da comunicação social pode ser sempre apresentado como não prioritário para a maioria dos portugueses.”

O Presidente da República alerta que os poderes públicos têm de acordar para as suas próprias responsabilidades.

“Se a isto se juntar o temor, aliás legítimo, de suspeição de cerceamento da liberdade de imprensa ou, pura e simplesmente, a falta de uma estratégia minimamente pensada de atuação por parte dos poderes públicos apesar do debate já ir em mais dois anos consecutivos, teremos uma realidade que permite sempre oferecer bons argumentos para não atuação dos poderes públicos.”

Para a crise que se vive nos media há várias alternativas: a sociedade civil, o apoio de fundações, o mecenato ou a reorganização das empresas, conclui Marcelo Rebelo de Sousa.

“Tudo o que a sociedade civil possa lançar, animar, suscitar, desde a reorganização de grupos de media, com ou sem estrutura fundacional, à mobilização de mecenato para assinaturas ou estímulos e apoios à comunicação social e, desde logo, à leitura. Passando por ação cívica com incidência no sistema tributário ou solidariedades transversais em campanhas públicas, é bem-vindo, chegando mesmo à imaginação geradora ou apoiante de novos modelos de comunicação social digital, a merecer compromisso estável de apoio por parte de fundações de referência na nossa sociedade”, sugere o Presidente da República.

Para os que recusam e estão em negação em relação à crise dos media, Marcelo Rebelo de Sousa avisa que esses vão levar com a crise em cima e em força, porque ela vai chegar a todos.

“A inércia nem por isso deixará de cair em cima daqueles que pensam que escapam à crise e aos seus efeitos de toda a ordem. Não escaparão. Com tais inércias, começam ou agravam-se os processos mais críticos de enfraquecimento dos sistemas políticos, sociais e económicos e de debilitação das democracias. E aí, muitos dos que pensam que escapam aos efeitos da crise, não escaparão”, alerta.

O Presidente da República concluiu que não irá cometer o erro de considerar que não há crise na comunicação social e que prefere ser realista e não minimizar o que não é minimizável.

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