Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Diretora de Informação RTP. "Não chegou a informação de que havia notícia" sobre o lítio

03 dez, 2019 - 21:14 • Lusa

Maria Flor Pedroso reiterou, no Parlamento, que o adiamento da emissão do programa 'Sexta às 9' durante a campanha para as legislativas "não tem nada a ver com o tema do lítio".

A+ / A-

A diretora de informação da RTP, Maria Flor Pedroso, disse esta terça-feira que "não chegou a informação de que havia notícia" sobre o lítio à direção da estação, referindo-se ao adiamento do programa 'Sexta às 9'.

"Esta direção de informação não guarda notícias na gaveta. À direção de informação, à coordenação da RTP, não chegou a informação de que havia a notícia X e que estava pronta para ir para o ar", disse Maria Flor Pedroso no parlamento sobre a emissão do programa 'Sexta às 9' que foi adiada para outubro, e cujo tema estava relacionado com a exploração de lítio.

No entanto, anteriormente, a diretora da RTP disse que a direção "sabia que isto [o lítio] estava a ser investigado", mas que ninguém abordou a estrutura com a abordagem "há isto, vou fazer, vamos programar".

Maria Flor Pedroso reiterou que o adiamento da emissão do programa "não tem nada a ver com o tema do lítio".

"Se houvesse notícia sobre o lítio, ela iria para o ar assim que ela estivesse pronta para ir para o ar, em tempo de campanha eleitoral ou não", acrescentou, referindo ainda que para si é " absolutamente irrelevante" se é tempo de campanha ou não para a emissão de notícias.

A jornalista disse ainda que na reunião de 23 de agosto, que ditou o adiamento do programa, nem a própria nem a diretora-adjunta Cândida Pinto foram para o encontro "a pensar que não iria haver 'Sexta às 9' durante a campanha eleitoral".

"A RTP não suspendeu programa nenhum durante a campanha eleitoral. Suspender, do meu ponto de vista, era uma de duas coisas: para já, tem uma carga negativa, a suspensão. Eu não tenciono acabar com nenhum dos programas, e portanto não suspendi nenhum. Por outro lado, a possibilidade de avaliar se o programa continuaria ou não. Nada disso passou pela nossa cabeça", garantiu a diretora de informação.

Maria Flor Pedroso disse ainda que antes das férias de verão, alguns elementos da equipa do "Sexta às 9" quiseram sair, e que a RTP, dentro dos seus "parcos recursos", arranjou outros jornalistas para compor a equipa.

A investigação em causa, emitida no âmbito do programa "Sexta às 9" na RTP, contou com o depoimento do antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, que disse ter avisado, em reunião, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o secretário de Estado João Galamba das alegadas ilegalidades decorrentes da concessão da exploração de lítio a uma empresa que tinha sido recentemente criada.

Dois dias após o encontro, João Galamba assinou o contrato para a construção da refinaria de lítio, um negócio, segundo a investigação de Sandra Felgueiras, avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros.

Paralelamente, o episódio do "Sexta às 9" avançou ainda que o antigo secretário de Estado Jorge Costa Oliveira estava também ligado ao negócio, como consultor financeiro.

Sobre o contraditório efetuado ao longo do trabalho de investigação do "Sexta às 9", a jornalista Sandra Felgueiras assegurou, também esta terça-feira, no parlamento que foi "sempre" feito com João Galamba, mas que "as respostas foram sempre negativas, ou então ele dizia que nós a ignorávamos".

"O que aconteceu no programa seguinte é que o senhor secretário de Estado, depois de me ter respondido e ao Luís Miguel Loureiro [jornalista do "Sexta às 9"], autores desta reportagem, que não tinha nada para responder, fez um contacto via assessores com a direção de informação. E desse contacto resulta que eu sou chamada à direção de informação para que o senhor João Galamba venha ao programa. E naturalmente que eu não vou negar o contraditório", esclareceu Sandra Felgueiras.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • 04 dez, 2019 09:59
    E assim vai a manipulação da informação de um canal que se diz público, mas que anda a favor da maré do poder. Vergonhoso! Os favores e a ascensão na carreira pagam-se com manipulação!

Destaques V+