04 dez, 2019 - 20:41 • José Pedro Frazão , com redação
Ana Gomes chegou a ser ameaçada de morte por denunciar a corrupção em Malta e a teia de silêncio em torno do assassinato da jornalista Daphne Caruana Galizia, afirma Paulo Rangel no programa “Casa Comum” da Renascença.
Malta, pequeno país no meio do Mediterrâneo, está a ser assolado por um terramoto político, que já levou à demissão do primeiro-ministro, Joseph Muscat; do chefe de gabinete e de dois ministros, na sequência da investigação ao homicídio da jornalista Daphne Caruana Galizia.
O social-democrata Paulo Rangel disse no “Casa Comum” desta quarta-feira que Ana Gomes chegou a receber “ameaças de morte e intimidações pela circunstância de estar a chamar a atenção para isto desde o primeiro minuto”.
“Ela teve sempre um papel muito ligado ao escrutínio destas situações de Panama Papers, offshores, muito ligados a Malta, que tem um regime fiscal altamente controverso. Sem exagero, posso dizer que foi uma heroína. Estamos a falar de máfias perigosíssimas, que promoveram uma morte à bomba. Agora é muito fácil vir apoiar este movimento”, sublinha o eurodeputado.
Paulo Rangel apelida de “vergonha” e “lamentável” o comportamento dos socialistas europeus e portugueses no caso de Malta.
“Falam sempre da Hungria onde não se passa metade do que passou na Eslováquia, Malta ou Roménia com governos socialistas. Nunca se referiram a esses casos”, atira o eurodeputado.
Francisco Assis apela aos socialistas europeus que estejam na linha da frente da denúncia e acompanhamento deste caso e também elogia Ana Gomes, que nunca se calou apesar das “muitas pressões”.
“Ela, felizmente, com a coragem que lhe é reconhecida, resistiu sempre a essas pressões e manteve a sua posição de uma grande dignidade. Resta agora a todos os dirigentes socialistas europeus agirem em consonância com essa mesma dignidade”, diz o antigo eurodeputado do PS.