06 dez, 2019 - 16:36 • João Pedro Barros com Lusa
O PSD requereu esta sexta-feira a audição urgente do ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, no Parlamento, para prestar esclarecimentos sobre as "profundas alterações" ao regime das Parcerias Público-Privadas (PPP), que "parecem evidenciar" uma "diminuição da transparência".
De acordo com o requerimento, o diploma publicado na quarta-feira passada "introduz profundas alterações" ao regime das PPP, que "suscitam grandes preocupações".
"Desde logo porque parecem evidenciar uma diminuição da transparência e um aumento da discricionariedade na constituição das parcerias público-privadas, dificultando o respetivo escrutínio público", argumenta-se, no documento.
Em declarações à Lusa, o primeiro subscritor do requerimento, o vice-presidente da bancada do PSD Afonso Oliveira afirmou esperar que a audição solicitada seja "aprovada na próxima reunião da comissão" parlamentar de Orçamento e Finanças e que o ministro Mário Centeno possa ir ao Parlamento "com muita urgência".
"A preocupação que temos é que o Ministério das Finanças perde competências a este nível, queremos perceber porquê, temos muitas dúvidas sobre o objetivo desta alteração legislativa", disse.
O diploma em causa foi publicado na quarta-feira em Diário da República e altera o Código dos Contratos Públicos e o decreto-lei de 2012 que "disciplina a intervenção do Estado na definição, conceção, preparação, concurso, adjudicação, alteração, fiscalização e acompanhamento global das parcerias público-privadas".
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Entre outras mudanças, o diploma transfere para o Conselho de Ministros a competência de decidir em matéria de parcerias público-privadas, anteriormente tomadas por despacho da tutela.
Na quinta-feira, em projeto de resolução a que a Lusa teve acesso, o Iniciativa Liberal já pedia que o Governo recuasse no diploma e voltasse a tornar obrigatória a análise custo-benefício para a sua concessão, tal como previa a anterior lei.
Para os deputados do PSD, entre as alterações aprovadas "aparenta existir uma redução da intervenção e do poder de decisão do ministro das Finanças em todo o processo de constituição de parcerias, face à legislação que vigorou até ao momento", o que "constitui também motivo de apreensão".
O deputado advertiu que "no passado, sempre que houve menos intervenção do ministério das Finanças, houve graves problemas com as PPP".